Olá Pessoal,
Àqueles que tem nos seguido ou aos visitantes que avulsamente nos presenteiam com o seu click, hoje trazemos em primeira mão uma reflexão produzida por um coletivo acerca das implicações, das contradições e das consequências deste ato de transferência da Eseffego para o Centro de Excelência. Acompanhe os detalhes dessa reflexão no texto que ora reproduzimos na íntegra. Ao final, fazemos uma sugestão à comunidade Eseffeguiana e à comunidade-população que vive aos arredores da Eseffego no Setor Vila Nova.
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A TRANSFERÊNCIA DA ESEFFEGO PARA O CENTRO DE EXCELÊNCIA DO ESPORTE: UMA DUPLA PERDA
A Eseffego (Escola Superior de Educação
Física e Fisioterapia de Goiás) é uma instituição que, ao longo de 60 anos de
história, vem cumprindo uma função social extremamente importante para todo o estado
de Goiás. É a primeira escola de formação de professores de educação física e de
fisioterapeutas de Goiás e do Centro-Oeste. Além do atendimento direto à
comunidade goianiense, a instituição ocupa lugar estratégico no desenvolvimento
político-econômico e social do estado, produzindo conhecimentos e desenvolvendo
inúmeros projetos de extensão. Sendo assim, a Eseffego não pode sucumbir diante
de políticas autoritárias, antidemocráticas e higienistas.
Isso espanta a comunidade acadêmica e a
sociedade goianiense e goiana, que atualmente utilizam os serviços prestados
pela Eseffego, por conta do contínuo processo de modernização conservadora,
marca do “desenvolvimento” em Goiás e princípio que atualmente orienta a gestão
da Universidade Estadual de Goiás e a Direção da Eseffego. Além de cercear o
debate coletivo sobre o processo de mudança para o Centro de Excelência, essa ação
ainda indica que a memória da Eseffego será
simplesmente ignorada nesse movimento.
A implantação de políticas autoritárias
do atual governo, a qual se rende a reitoria da UEG e a direção da Eseffego/UEG,
exclui a maioria dos segmentos dessa comunidade acadêmica, buscando integrar-se
ao processo de modernização posta pelo formato do gerenciamento. Com isso, a
prática se vale do que a gestão entende como útil, a utilidade se sobrepõe, por
exemplo, ao processo histórico e à materialidade que compõe a memória de um
povo. O respeito à memória da educação do corpo no estado de Goiás pode ser
compreendido, valorizado e preservado através do acervo material que está
presente na sede da Eseffego. Esse acervo, composto por fotografias,
documentos, apostilas, projetos curriculares, diários e registros docentes,
livros, mobiliários diversos (troféus, materiais esportivos, obras de arte), é
fundamental para a preservação da memória da Educação Física e da Fisioterapia
no estado de Goiás, que, ao longo desse tempo, também contribuiu para a
formação de professores e fisioterapeutas no cenário nacional. Esse acervo se
constitui como patrimônio cultural da sociedade goiana, brasileira e, portanto,
da humanidade.
A lógica da sociedade baseada na gestão
constrói um poder gerencialista, que utiliza de meios para as empresas privadas
se organizarem nos espaços públicos. Compactuada com uma cultura do alto
desempenho e de competição generalizada, aumenta a pressão entre os
trabalhadores.
No âmbito da materialidade do trabalho
dos professores e dos técnico-administrativos ocorre uma elevação da exploração
daqueles/as que permanecem, intensificando o processo de precarização do
trabalho administrativo e docente, tão importantes para a nossa unidade
acadêmica e para o funcionamento da universidade. Esse processo de
intensificação do trabalho docente e administrativo expressa o nível de alienação
que contribui para o esfacelamento dos movimentos coletivos e da consciência
política da comunidade acadêmica. Com isso, a capacidade de reverter as
mudanças ficam comprometidas em virtude das pressões autoritárias e
antidemocráticas que cerceiam o pensamento crítico e a autonomia universitária.
Os espaços físicos da Eseffego
necessitam de uma reforma. E isso é consenso, pois não precisa ser arquiteto ou
engenheiro para identificar vários problemas na estrutura do prédio.
Mesmo com a estrutura física
precarizada por um conjunto de políticas públicas estaduais que, historicamente,
negligenciou a educação, o esporte e o lazer, a Eseffego não pode ser
simplesmente abandonada como o que se projeta até o momento no processo de
mudança. Até porque, simplesmente ignorar a Eseffego como está sendo feito, é
no mínimo um ato de total descaso com o bem público.
Há cerca de três anos, conforme dados
do próprio Governo do Estado, foram investidos quase R$ 800 mil reais nas
reformas do Ginásio 2 e na quadra de tênis, ambos os espaços utilizados
constantemente pela comunidade acadêmica e pelos moradores que frequentam os
espaços da Eseffego. O acesso ao público já foi barrado e o corpo docente foi
notificado que não poderá utilizá-lo em qualquer atividade acadêmica.
Outro exemplo claro da falta de zelo
com o patrimônio é a Clínica Escola. Uma estrutura de dois andares, cara e bem
instalada, está sendo tratada com o mesmo descaso. Não há justificativa para
deixar em desuso uma instalação tão importante para a comunidade goianiense,
que é atendida diariamente por uma série de profissionais formados e em
formação. Tudo isso sem contar que a instituição possui uma pista de atletismo,
quadras e ginásios.
O Centro de Excelência do Esporte levou
décadas para que suas paredes fossem erguidas, que, dado como concluído, trouxe
na esteira dois problemas. O primeiro se dá porque não há estrutura para o seu
funcionamento; o segundo se materializa pelo fato de que o Ginásio Rio Vermelho
e o Parque Aquático do Estádio Olímpico, que fazem parte desta infraestrutura,
estão sem condições de uso.
Ora, como o curso de Educação Física
funcionará em um espaço que não foi construído para este fim? Coloca-se o
laboratório de anatomia no banheiro; todas as coordenações (Educação Física
bacharelado, Educação Física licenciatura, Fisioterapia, Pedagógica, de
Pesquisa, de Extensão, de Pós-Graduação, de Estágio) em um mesmo espaço e tendo
dois servidores para atender a todas elas; a sala de dança vai para o local de
aquecimento dos jogadores no dia de jogos; mas não teremos uma quadra oficial,
pois o Ginásio Rio Vermelho espera os recursos; não teremos atividades
aquáticas no Centro de Excelência porque a piscina aguarda pelos mesmos
recursos e não teremos pista de atletismo para as aulas desta disciplina em
dias de jogos no Estádio Olímpico. Desse modo, o atendimento das necessidades
pedagógicas dos docentes e discentes e a adequação dos espaços físicos - a
insuficiência de espaços para todas as atividades acadêmicas de quatro cursos -
ficam extremamente comprometidos, inviabilizando o ensino, a pesquisa e a extensão.
Não perdem apenas os cursos de Educação
Física e Fisioterapia, perde o Centro de Excelência, porque não haverá mais
espaço para ele. O Gestor do Centro de Excelência tem sala para trabalhar? O que
este gestor vai gerir? Parece-nos que a Universidade do Esporte vai substituir
o projeto do Centro de Excelência. Quem conhece o projeto Universidade do
Esporte, onde, quando e com quem este projeto foi discutido?
Anos atrás, as atividades do Centro
Olímpico cessaram para a construção do atual Centro de Excelência,
interrompendo-se a oferta de várias práticas corporais para pessoas de todas as
idades. Na época, a Eseffego também se configurava como local de promoção de
esporte e lazer da cidade de Goiânia, assim como as Praças de Esporte do Setor
Pedro Ludovico e do Setor dos Funcionários, sustentando aquilo que o atual
governo há muitos anos estabelece como política de esporte.
Não diferente, o Centro de Excelência,
construído com apoio de recurso federal para ser um espaço de desenvolvimento
do esporte, com laboratórios, espaços de treinamento, alojamentos etc está às
avessas. Espaços de laboratórios substituídos por salas administrativas da Eseffego,
alojamentos por salas de aula, banheiros por laboratórios de anatomia (uma
vergonha) e outras bizarrices que virão a público com o início das aulas dos
cursos de Educação Física e Fisioterapia.
Quem ganha com essa mudança? A
população ou um governo que acredita que fazer política é discursar o
improvável? Existe a falta de diálogo da gestão governamental com a sociedade
goiana e com as comunidades que ocupam atualmente a Eseffego e o Centro
Olímpico Pedro Ludovico.
Quem perde neste contexto? Certamente,
o Esporte, a Comunidade Goiana e a Formação de profissionais nos campos da
Educação Física e Fisioterapia.
E por quê? Porque há uma clara redução
da concepção de formação em Educação Física e Fisioterapia pela racionalidade
do esporte de rendimento, materializada numa Faculdade do Esporte. Não só isso,
a substituição do projeto de Centro de Excelência pelo projeto de Faculdade do
Esporte prejudica também o esporte de rendimento.
Que perdas teremos mais?
COLETIVO EM DEFESA DA ESEFFEGO/UEG E CENTRO DE
EXCELÊNCIA
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À COMUNIDADE ESEFFEGUIANA E À COMUNIDADE-POPULAÇÃO DE MORADORES AOS ARREDORES E ADJACÊNCIAS DA ESEFFEGO NO SETOR VILA NOVA:
Em tempo, nosso Blog indica que se o leitor se sentir indignado e quiser se manifestar ou fazer algum protesto à direção da Unidade Acadêmica Eseffego Goiânia, pode enviar um email para: dir.goiania@ueg.br
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Ou para a reitoria da Universidade Estadual de Goiás (UEG), ou pelo "Fale com o Reitor" ou enviando email aos cuidados do Reitor chefia.gabinete@ueg.br
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