“É preciso que as pessoas queiram exercer o direito à memória e à verdade”
Em entrevista à Carta Maior, Maria do Amparo Almeida
Araújo, que combateu a ditadura pela Ação Libertadora Nacional (ALN),
fundou o Coletivo Tortura Nunca Mais de Pernambuco e hoje é secretária
de Direitos Humanos e Segurança Cidadã na Prefeitura do Recife, fala
sobre a Comissão da Verdade e os obstáculos para que a memória e a
verdade sobre o período da ditadura venham à tona. "É preciso que as
pessoas queiram exercer esse direito. Infelizmente, talvez pela
distância, pelo tempo, as pessoas não estão muito sensibilizadas com
isso", afirma. Márcio Markman - De Recife, Especial para Carta Maior.
Não há qualquer exagero em afirmar que a
alagoana de Palmeira dos Índios, Maria do Amparo Almeida Araújo, 61
anos, tem uma vida dedicada à luta pela liberdade e a defesa dos
Direitos Humanos. Após três anos morando em São Paulo, ela ingressou
ativamente no combate à ditadura militar, através da Ação Libertadora
Nacional (ALN), organização da qual se tornou militante junto com o
irmão mais velho, Luiz. Tinha apenas 17 anos.
Amparo é um exemplo
de uma cidadã brasileira que teve a vida marcada pela face mais
desumana da ditadura. O irmão Luís está na lista dos militantes
desaparecidos. Durante os anos de chumbo, teve ainda três companheiros
desaparecidos. Iúri Xavier Pereira, Luiz José da Cunha e Thomaz Antonio
da Silva Meireles Neto. Iúri e Luiz José foram mortos por policiais do
Doi-Codi, o braço forte da repressão. Thomaz foi preso em 1974, no Rio
de Janeiro, e engrossou a lista de desaparecidos políticos.
Entre
1972 e 1977, a família pensou que Amparo também havia sido executada
pelas forças reacionárias. Só ficaram sabendo que estava viva quando
retornou a Alagoas, no final de 1977, após a dissolução da ALN.
No
ano seguinte, ela ruma para o Recife, onde se forma em Serviço Social e
permanece de forma ativa na defesa dos ideais libertários e, após a
queda do regime militar, na busca pela verdade do que realmente ocorreu
com os brasileiros que tiveram seus direitos humanos violados no período
da ditadura. Milhares de torturados, centenas assassinados e de
desaparecidos.
Leia a entrevista na íntegra: Clique aqui
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