terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

... um cara esperto...

Malabarista Mestre Michael Moschen realiza sua incrivelmente famoso, de cair o queixo pedaço onde três bolas e um triângulo se tornar uma obra musical e visual do artista. Confira o video:




http://www.baratonta.com/

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

... E agora José?

Estudante de Educação a Distancia Teve a Melhor Nota do Enade


terça-feira, 02 de fevereiro de 2010
Aluno da Educação a Distância conquista a maior nota nacional no Enade

O instrutor e consultor na área de calçados, Antônio Edijalma Rocha Junior, aluno do curso a distância de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial do Grupo Educacional UNINTER (Fatec Internacional), do Polo de Apoio Presencial de Jaú ? SP, teve a maior nota no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Ao todo, alunos de mais de 40 instituições de educação presencial e a distância (Privada, Pública e Federal), realizaram o exame.

Com a nota de 80,3, Rocha Junior conseguiu a maior pontuação nacional, a média foi 45. ?O Enade faz sorteios entre alunos iniciantes e concluintes para a realização da prova e, quando fui escolhido, soube somente com três meses de antecedência. Tive uma preparação muito boa pela faculdade. Esse resultado mostra que a educação, seja ela presencial ou a distância, traz resultados quando é bem executada?, explica.

O histórico com o resultado da média nacional, estadual e particular é enviado diretamente ao aluno. Após receber o histórico, Rocha Junior entrou em contato com a Faculdade para saber a documentação necessária para solicitar bolsa de estudos. ?Fui até o meu Polo de Apoio Presencial para dar entrada no pedido de bolsa. Agora, pretendo cursar uma pós-graduação em Engenharia da Produção, com duração de um ano, também a distância, pelo UNINTER?.

ENADE

Os alunos que ingressaram em cursos superiores com a modalidade de Educação a Distância têm mostrado melhor desempenho do que os estudantes que fazem o mesmo curso da maneira tradicional, segundo os primeiros resultados do Enade (exame do MEC que avalia o ensino superior). Um levantamento feito pelo Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) aponta que os alunos de cursos a distância se saíram melhor em 7 das 13 áreas onde essa comparação é possível.

Fonte: http://opantaneiro.com.br/noticias/geral/94310/aluno-da-educacao-a-distancia-conquista-a-maior-nota-nacional-no-enade

sábado, 6 de fevereiro de 2010

CONTRA O COB, A FAVOR DA DEMOCRACIA BRASILEIRA

No dia 02 de Fevereiro, postamos http://imagenseducadoras.blogspot.com/2010/02/perseguicao-continua.html e tentamos acompanhar o andamento das noticias...

Ontem, dia 05 de fevereiro, o COB retira ação contra livro da Professora Dra. Kátia Rubio, através do seguinte comunicado:

"Rio  de Janeiro, 5 de feveriro de 2010 – Ofício n. 309/309 / 2010/CAN/alp
“O Comitê Olímpico Brasileiro – COB vem, pelo presente, tendo em vista a obra literária em referência de autoria de V.Sa, e ofício 2887/2009/agr/tcs datado de 15 de janeiro de 2010 que lhe foi endereçado, informar-lhe o seguinte:
1. Primeiramente, cumpre-nos esclarecer que o COB não adotará qualquer medida judicial ou extrajudicial contra V.Sa, seus editores e/ou distribuidores com relação à citação da designação “olímpicos” e do símbolo olímpico no conteúdo do livro em epígrafe…"



























Cinismo e petulância é o que o COB e seus dirigentes alimentam, quando terminam um ofício, "autorizando" a publicação de uma obra científica dessa natureza.
O COB não tem que permitir nem autorizar nada! Deve sim prestar contas à sociedade dos montantes de recursos públicos, dinheiro meu e seu, que são destinados a uma infinidade de rubricas, mas que ninguém sabe ao certo, para onde vai ou como é gasto o dinheiro.
Ser presidente do COB é como ser presidente da CBF, de sindicatos e alguns conselhos profissionais, ou seja, serve para perpetuação do poder e do uso do recurso público com critérios que os cidadãos brasileiros, se soubessem quais são, poderiam pensar duas vezes antes de concordar.

A Democratização do Conhecimento

Livros da coleção Aplauso pode ser baixados gratuitamente

A combinação entre internet, boa vontade e senso de democratização cultural rendeu recentemente mais uma boa notícia para historiadores culturais e apaixonados por leitura.

A coleção Aplauso, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, em comemoração pelos seus cinco anos de existência,ganhou uma versão online e os livros podem ser baixados gratuitamente pelos internautas. No total, 170 dos 200 livros publicados desde 2004 estão disponíveis para download.

São roteiros, biografias de artistas, atores, cineastas, dramaturgos, roteiros de cinema e de teatro e histórias de emissoras de TV acessíveis para qualquer um. Um dos títulos publicados há pouco tempo foi a biografia de Fernanda Montenegro, que completou 80 anos em 2009.

Para ver os livros e baixar os arquivos em PDF, é só acessar o site http://aplauso.imprensaoficial.com.br.

Como dica, além do livro sobre Fernanda Montenegro, vale dar uma olhada também nas biografias de Mazzaropi, Fernando Meirelles, Beatriz Segall, Tony Ramos, Wagner Tiso e Raul Cortez. Uma das edições conta a história da TV Tupi, e há ainda os roteiros dos filmes "Estômago" e "Feliz Natal". Boa leitura a aplausos para a coleção Aplauso!


Fonte: http://cafehistoria.ning.com/

... para indignar-se é preciso conhecer...

 Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina
 ONU calcula 140 milhões de mulheres com mutilação genital no mundo
decoração
A incidência de mutilação genital feminina caiu nos últimos anos no mundo, mas estimativas das Nações Unidas indicam que entre 120 milhões e 140 milhões de meninas e mulheres foram submetidas a esta prática dolorosa e perigosa, que ainda é alimentada por preconceitos sociais e religiosos.

O relatório conjunto realizado por agências da ONU, entre estas a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aponta que 3 milhões de meninas e adolescentes correm perigo por ano de sofrer esta prática.

Por causa do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, realizado no dia 06 de Fevereiro , a OMS, Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a População e Unaids, entre outras, disseram que esta prática pode ser reduzida com o envolvimento das comunidades e das famílias nos países onde isso ocorre.

Outra alternativa é o trabalho realizado pelas agências com políticos, religiosos e médicos. Mas ainda está longe de alcançar o objetivo de eliminar totalmente, como quer a ONU.

A OMS documentou práticas de mutilação genital feminina em 28 países da África e em alguns da Ásia e do Oriente Médio, que abrangem o chamado "tipo 1", que consiste na extirpação parcial ou total do clitóris, até as formas mais graves, como é a infibulação, que inclui a cisão dos lábios maiores e menores e o estreitamento da vagina.

Fonte: Zero Hora

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Da miséria ideológica à crise do capital



O livro da cientista social Maria Orlanda Pinassi emerge, em tempos de ilusões pós-modernas, na oposição da apologética acadêmica niilista. Pinassi reflete sobre a incidência do conceito de decadência ideológica na atualidade, principalmente diante das ideologias que pregam o “fim da história”, o “fim da ideologia”, o “fim do trabalho”. O grande mérito da autora foi resgatar a categoria decadência ideológica como um dos mais férteis instrumentos da crítica marxiana-lukacsiana. A resenha é de Ricardo Lara, professor da Universidade Federal de Santa Catarina.

RESENHA
PINASSI, M. O. Da miséria ideológica à crise do capital: uma reconciliação histórica. São Paulo, Boitempo, 2009, 140p. (Coleção Mundo do Trabalho)

O livro da cientista social Maria Orlanda Pinassi emerge, em tempos de ilusões pós-modernas, na oposição da apologética acadêmica niilista. A teoria social articulada em seus ensaios alimenta-se na tradição ontológica materialista e dialética que se agarra a práxis revolucionária. Aliada ao conceito de decadência ideológica – “um dos mais férteis instrumentos da ciência marxiana da história” (PINASSI, 2009, p. 16) –, a autora oferece contundente arsenal de críticas as ideologias irracionais que se instauraram no pensamento social após a consolidação da hegemonia burguesa.

O conceito de decadência ideológica, elaborado por Georg Lukács (1885 – 1971) designa a crise espiritual da burguesia após 1848. Para Lukács (1968, p. 52) o que temos, com a evolução do pensamento social burguês, é a:

liquidação de todas as tentativas anteriormente realizadas pelos mais notáveis ideólogos burgueses, no sentido de compreender as verdadeiras forças motrizes da sociedade, sem temor das contradições que pudessem ser esclarecidas; essa fuga numa pseudo-história construída a bel prazer, interpretada superficialmente, deformada em sentido subjetivista e místico, é a tendência geral da decadência ideológica.

Pinassi reflete sobre a incidência do conceito de decadência ideológica na atualidade, principalmente diante das ideologias que pregam o “fim da história”, o “fim da ideologia”, o “fim do trabalho”. O pensamento burguês contemporâneo, na maioria dos casos, apresenta tendências que não se preocupam em construir conhecimentos que levam em consideração a materialidade social. O pensamento social faz das ciências sociais e humanas um mecanismo irracional que nega o desenvolvimento sócio-histórico e evita produzir conhecimentos que têm como pressuposto o mundo da atividade concreta e sensível do homem.

Nos tempos presentes a irracionalidade burguesa avança a passos vastos, as concepções científicas de todas as áreas do saber mostram-se capacitadas para responder as ânsias de um modo de vida que sobrevive entre a plena realização da coisa (fetiche do capital) e a barbárie social. As possíveis respostas para os fenômenos sociais e naturais que afligem a humanidade estão presentes em todas as ciências, mas os abismos entre a realidade social e suas percepções científicas geram concepções caóticas.

Os “paradigmas” científicos explicam o homem tentando buscar sua essência, mas não compreendem que a essência humana deve ser encontrada no conjunto das relações sociais, pois “a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado. Em sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais”. (MARX; ENGELS, 2007, p. 534).

A trajetória DA MISÉRIA IDEOLÓGICA À CRISE DO CAPITAL delongou aproximadamente 130 anos para sua RECONCILIAÇÃO HISTÓRICA, composta pelo ponto de partida, as “origens do processo da consolidação da hegemonia burguesa, momento pós-revolucionário que impõe uma enorme transfiguração das ideologias clássicas do século XVIII em ideologias apologéticas” (PINASSI, 2009, p. 11), e o ponto de chegada, a crise estrutural do capital iniciada nos anos de 1970, com seus limites absolutos, crônicos e implacáveis. O livro é uma denúncia imprescindível, um chamado para a consciência crítica e revolucionária, uma arma em potencial para combater as delirantes abstrações e aberrações ideológicas da atualidade. O grande mérito de Pinassi foi de resgatar a categoria decadência ideológica como um dos mais férteis instrumentos da crítica marxiana-lukacsiana. A autora indica com radicalidade teórica o vínculo e a coexistência da ideologia apologética com a eficiência da produção material capitalista.

A decadência ideológica desvenda o “racionalismo burguês”, justificador do desenvolvimento capitalista do final da segunda metade do século XIX, que se ancora no período imperialista, e concretiza-se nas crises cíclicas do século XX. Nessa processualidade social surgem os causídicos do sistema, com suas teorizações do “pleno emprego”, do “estado de bem estar social”, sustentadores da inconsciência burguesa. Pinassi expõe o poder da ideologia, revestida de apologética, que oferece sustentação para a acumulação capitalista. O conceito de decadência ideológica revela a crítica da totalidade social, revela a conexão entre força material e construção ideológica do sistema do capital, oferece a possibilidade da crítica, genuína e fecunda, que resgata a perspectiva ontológica.

Os ensaios que compõem o livro depositam confiança na alternativa socialista como a única opção para a sobrevivência da humanidade. Aborda questões fundamentais da transição socialista. Desmistifica a irracionalidade burguesa e abre o caminho para a teorização da revolução socialista, pois a história da humanidade não é algo dado e acabado como ampara o pensamento burguês apologético. A luta de classes e a constituição da classe revolucionária é o principal tema perquirido ao longo das páginas. Os textos abordam as principais polêmicas do projeto verdadeiramente socialista, Pinassi não teme em deixar evidente sua postura radical contra as ilusões irracionais acadêmicas pós-modernas.

Para isso ela inquieta-se com a universalização do capital e suas absurdas e cruéis formas de irracionalismo. Para levar a êxito tal posicionamento, nota-se, no livro, a atenta interlocução com as obras de Marx, Lukács e Mészáros, ganhando evidência a percepção audaz de extrair os debates nodais da crítica ontológica expirada na ciência da história marxiana. As interlocuções com os clássicos do pensamento marxiano rejuvenesce as críticas impenitentes ao capitalismo. Sem rodeios apologéticos, a autora vai a questão essencial: só é possível liberdade e democracia numa sociedade para além do irracionalismo burguês, da propriedade privada e da alienação.

O principal fundamento da crítica marxiana foi a descoberta de quê a produção e reprodução da vida social burguesa se estabelece pela dialética da propriedade privada e do trabalho estranhado. Nos onze ensaios do livro, observamos a crítica ontológica que orienta a humanidade na suprassunção da propriedade privada em busca da emancipação humana.

Temas e categorias teóricas – transição socialista, emancipação humana, revolução, propriedade privada, luta de classes, criminalidade, ecletismo, reforma agrária, consciência de classe, movimentos sociais – hesitados pelos cientistas sociais contemporâneos, ou criminalizados pelo irracionalismo burguês, ressurgem com autenticidade e necessidade histórica nos textos da autora. Esses assuntos são colocados na história e ganham significados ontológicos e transitórios. Observe a seguinte afirmação em relação a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST):

o que poderia constituir uma debilidade – ou seja, a particularidade histórica da luta pela reforma agrária – pode ser um dos seus maiores triunfos. Ou seja, da bandeira que evoca velhas contradições nacionais não resolvidas pode aflorar a consciência para as mais atuais formas assumidas pela exploração de classe e pela dominação imperialista. (PINASSI, 2009, p. 71).

Pinassi destaca a importância de analisar o MST como um movimento que luta pela transitoriedade, pela superação do sistema de funcionamento do capital. O MST é considerado uma base fundamental para compreender a práxis das atuais organizações alternativas constituídas no mundo do trabalho latino-americano.

A autora, ao abordar as temáticas polêmicas, questiona o medo dos homens contemporâneos, o temor que vem transvestido de mais alienação. A teoria social tem medo de questionar a realidade e colocar em xeque o metabolismo social do capital. Perante isso, evidencia-se a generosa crítica aos anticapitalistas românticos que não questionam a exploração da mais-valia e a propriedade privada, e aos que levantam a bandeira visionária dos “direitos das minorias”. A racionalidade pseudo-crítica não questiona as raízes das contradições da sociedade burguesa, ignora a luta de classes e não resgata a crítica a barbárie social imposta pela ordem do capital. Depois de ler o livro, percebemos o quanto e o porquê as ciências sociais e humanas estão tão distantes da realidade social.

Enfim, na contemporaneidade, muito se escreve e muito se lê sobre a sociedade humana e suas relações sociais submetidas à lógica do capital, mesmo aqueles que se pautam na crítica da sociabilidade burguesa acabam, em alguns casos, reproduzindo estilos acadêmicos oriundos da decadência ideológica. Pinassi diverge da maioria da intelectualidade atual, afronta o “tema” da emancipação humana como prioridade no debate das ciências sociais e humanas. O destemido livro representa a imprescindível crítica radical às ideologias apologéticas e, por conseguinte, irracionais. A leitura é uma interlocução, segura, com Marx, Lukács e Mészáros, na melhor maneira da aspiração ontológica, as análises são sobre determinadas condições de existência reais, históricas e transitórias, as críticas teóricas são sobre as relações de produção e reprodução da vida humana sob as contradições inconciliáveis do sistema do capital.

Referências bibliográficas
LUKÁCS, G. Marxismo e teoria da literatura. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968, 288p.

MARX; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo, Boitempo, 2009, 614p. (Coleção Marx e Engels)

PINASSI, M. O. Da miséria ideológica à crise do capital: uma reconciliação histórica. São Paulo, Boitempo, 2009, 140p. (Coleção Mundo do Trabalho)

(*) Professor Adjunto do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. E-mail: ricbrotas@ig.com.br


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A FÁBULA DA ÁGUIA E DA GALINHA



Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.
"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
- De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
- Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas.
O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas.
Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.
Voou. E nunca mais retornou."
Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamosque somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.”

Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo, por Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor de ética da UERJ. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

... a perseguição continua

No dia 28 de Janeiro, postamos uma notícia sobre a perseguição que o Comitê Olímpico Brasileiro está movendo contra a Profa. Dra. Katia Rúbio (USP).

Esse movimento de censura incomodou nossos irmãos portugueses.

Há pessoas que no âmbito do Movimento Olímpico se julgam no direito de decidir quem pode e quem não pode dedicar-se ao estudo e à investigação das questões do Olimpismo. Na sua profunda ignorância e pesporrência estão convencidos que são proprietários de algo que os transcende. Quer eles queiram quer não, o Olimpismo é propriedade da Humanidade e não de uma qualquer casta que numa atitude profundamente xenófoba se gosta de chamar a si própria de "família olímpica".

E segue assim: http://cev.org.br/biblioteca/a-familia-olimpica/

... mais uma revista digital

REVISTA HISTEDBR ON-LINE
A Revista HISTEDBR On-Line é uma publicação eletrônica do Grupo de Estudos e Pesquisas  “História, Sociedade e Educação no Brasil” – HISTEDBR, sediado na Faculdade de Educação da UNICAMP. Com periodicidade trimestral, está cadastrado no IBICT com número de ISSN: 1676-2584.
A revista publica artigos resultantes de pesquisa ou de reflexão acadêmica, estudos analíticos e resenhas na área de história da educação.



... boletim germinal




Desenho de Jules Grandjouan, publicado como capa da edição especial do periódico L´Assiette au Beurre (Paris, 28-4-1906), a propósito da bandeira central de luta naquele Primeiro de Maio. A gravura foi publicada pela primeira vez no Brasil, pela Editora Kairós, na capa de O direito à Preguiça, de Paul Lafargue.

Codex Alimentarius - é preciso ouvir para entender e...




Codex Alimentarius





Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=EIALS7dtitk
Parte 3 - http://www.youtube.com/watch?v=-lhaNA7TqJo
Parte 4 - http://www.youtube.com/watch?v=tI0MeeIYBo8
Parte 5 - http://www.youtube.com/watch?v=U1WFt-bf-LA

... a farsa sobre o aquecimento global



Participação das mulheres na ciência é essencial

Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, sociedade moderna não pode prescindir da contribuição das pesquisadoras ao desenvolvimento científico e tecnológico
Na abertura do Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências, nesta segunda-feira, dia 1º, a ministra Nilcéa Freire afirmou ser de extrema importância analisar a historicidade dos indicadores científicos que nos mostram os desafios que as mulheres enfrentam ao se aventurar no mundo das ciências.

Para ela, é indispensável a realização de diagnósticos atuais e apropriados para desenvolver ações que reparem as desigualdades ainda existentes entre pesquisadores e pesquisadoras.

"A disponibilidade de indicadores de ciência e tecnologia separados por sexo em todas as dimensões em que se desenvolve atividade cientifica é um quesito básico para conhecer o estado da ciência e a detecção de padrões de estratificação", afirmou a ministra.

Nilcéa disse ainda ser fundamental...
 

Um cordel inteligente...

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".

Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:




Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

 
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

 
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.


Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.


O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.


Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.


Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.


Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.


Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.


Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.


A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.


Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.


O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.


Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.


É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.


Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.


A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.


E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

 
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.


E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.


A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.


Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.


Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?


Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…


FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010.

* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci.wordpress.com/
2010 é um ano eleitoral. Espero que os eleitores brasileiros valorizem seus votos, pois o voto é a arma para acabar com a impunidade no país

 SENSO CRÍTICO, SAÚDE, PAZ & AMOR - HOJE E SEMPRE !

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

...pode até não obrigar...

... mas tire suas conclusões acerca do papel da propaganda no convencimento do consumidor!



Filme da campanha assinada pela ABAP e ABA, mostrando a importância da propaganda para a sociedade. 

...um pouco sobre o Haiti...

Haiti: dois séculos de devastação

 por Carolina Rocha


O Haiti foi a primeira nação independente da América Latina. Liberdade conquistada sob condições muito peculiares: através de uma insurreição escrava. Por isso, as elites escravocratas da América Latina temeram por muito tempo o chamado “haitianismo”. A independência, de fato, só foi proclamada em 1804, após uma década de conflitos, o que resultou num Haiti livre, mas devastado. A história recente do país permanece caótica, com governos breves, golpes de estado, corrupção, rebeliões e maciças intervenções estrangeiras.
De repente um terremoto fez com que os olhos do mundo estivessem voltados para o país. Centenas de jornais e revistas, impressos ou não, mantêm a manchete do Haiti há semanas. A ajuda internacional chegou à capital, mas de forma desarticulada, e enquanto as pessoas morriam de fome ou debaixo dos escombros, nações estrangeiras disputavam o controle de postos militares. Desde o terremoto, o Haiti vive um impasse diplomático entre as forças da ONU e os Estados Unidos responsáveis, oficialmente, apenas pela ajuda humanitária à população. Muitos militares brasileiros, chilenos e mexicanos, em Porto Príncipe, têm reclamado da presença ostensiva de tropas norte-americanas na cidade. Segundo eles, os americanos são autoritários e despreparados, pois chegaram tardiamente tumultuando operações e não procuraram se informar sobre as características do lugar e nem sobre as tradições de sua população.

Se houve demora em atender as necessidades da população, as notícias não tardaram a chegar. Todos, a partir de então, se arriscaram a fazer um diagnóstico da situação: jornalistas, colunistas, historiadores, cientistas, antropólogos, celebridades, militares, religiosos e políticos.

Por todo lado, eram procuradas razões e culpados pela destruição do Haiti. Ora a culpa era de Deus e de sua insondável natureza, ora do Diabo e sua sábia destreza. Houve até quem responsabilizasse o próprio povo haitiano por destruir seu país, graças a sua religião demoníaca de matriz africana: o vodu. O líder evangélico estadunidense Pat Roberton atribuiu o desastre ao pacto que os haitianos fizeram com o demônio em troca de sua independência no século XVII. E o cônsul do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, disse que a “desgraça de lá (Haiti) está sendo uma boa”, porque “o africano em si tem maldição. Todo lugar em que tem africano tá foda”.

O que dizer então do furacão Katrina que em 2005 devastou Nova Orleans, onde a maioria da população é negra? Nenhum cônsul ou líder evangélico culpou o Sul dos Estados Unidos de fazer pacto com o diabo. Será porque o vodu deles, herança de diásporas africanas, é melhor que o haitiano?

O terremoto aos poucos já está sumindo dos noticiários. Em breve, as imagens da catástrofe se tornarão triviais e o mundo estará preocupado com algum outro desastre. Os próprios haitianos estão com medo de que a mídia saia de Porto Príncipe e eles fiquem abandonados.
 

... espero estar dentro...

Uma paixão que faz ferver a adrenalina no sangue...



... a queda de braço capitalismo X outro modelo societário...

EUA: o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar
A decisão radical da Suprema Corte dos Estados Unidos, em 21 de janeiro deste ano permite às companhias gastarem dinheiro ilimitadamente na política. Anulando 100 anos de restrições aos gastos corporativos, os dois juizes mais novos, John Roberts e Samuel Alito, indicados pelo Presidente George W. Bush, tornaram a Suprema Corte um aliado das grandes corporações. Os insípidos debates em Davos sobre a questão capitalismo versus socialismo foram suplantados pela conquista da democracia das corporações.O artigo é de Hazel Henderson. 

Hazel Henderson é presidente do Ethical Markets Media (EUA e Brasil) e da Green Transition Scoreboard, companhia signatária dos Princípios do Investimento Responsável, da ONU. É fundadora e co-diretora da Academia Mundial de Negócios MercadoÉtico para a propaganda ética, autora de vários livros e co-criadora do Indicadores de Qualidade de Vida Calvert-Henderson www.ethicalmarkets.com 
A visão fantástica dessa mais alta Corte dos Estados Unidos defende que o dinheiro é equivalente à livre expressão sob a Primeira Emenda, e que a corporações são “pessoas” equivalentes a seres humanos. A irrealidade dessa visão também equipara corporações com sindicatos, sem reconhecer que sindicatos representam pessoas reais, enquanto corporações são entidades legais com o propósito de fazer dinheiro para os seus acionistas.

Os efeitos dessa apertada decisão por 5 a 4 na Suprema Corte incluem a permissão de acesso à Política do país através de vários investidores internacionais que detêm ações em corporações estadunidenses. Por exemplo, o Príncipe Alaweed bin Talal da Arábia Saudita é um dos maiores investidores do Citibank e da New Corporation, que tem o Wall Street Journal, a Rede de Televisão Fox, a Sky News e uma outra mídia global. Os Fundos Soberanos da Noruega, da China, de Cingapura, do Kuwait e de outros países podem agora influenciar a política dos EUA como jamais ocorreu antes.

Advogados constitucionalistas estão assombrados, inclusive o Presidente Obama, que observou: “A Suprema Corte deu luz verde para a avalanche de interesses especiais do dinheiro em nossa política. Essa é uma grande vitória do Petróleo, dos banqueiros de Wall Street, das companhias de seguro de saúde e de outros interesses que manobram diariamente o poder em Washington e abafa, cotidianamente, as vozes dos americanos”.


...falando em cassar a liberdade II...

Carta aberta ao ministro Paulo Vannuchi
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Caríssimo companheiro e amigo Paulo Vannuchi,

Nesses dias tempestuosos gostaria de tê-lo abraçado pessoalmente, transmitir-lhe meu apreço, minha amizade e minha mais absoluta solidariedade. Não foi possível, no entanto. Estou lhe escrevendo agora, no momento em que a poeira baixou, sei que momentaneamente. Todo esse barulho em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos tem objetivos definidos, não carrega qualquer inocência, faz parte da dura luta política que enfrentamos no Brasil.

Nós, da esquerda, às vezes acreditamos que o caminho está livre. Que somos atores solitários, que a história conspira a nosso favor. Não conspira. A história é feita por homens e mulheres, sob circunstâncias concretas. Sei que você sabe disso, mas o óbvio ajuda. Aqui estamos nós no Brasil enfrentando a discussão de um plano elaborado democraticamente, numa vasta conferência nacional. E a direita toda se assanha, e ministros se assanham, e parece que o mundo vem abaixo se for implantada a Comissão da Verdade.

E eu trato apenas disso, nessa carta. Não dos outros pontos ditos polêmicos.

Os que fizeram a ditadura e seus defensores acreditam ser possível jogar para debaixo do tapete os crimes do período. Às vezes, pode até parecer, para os que conhecem pouco de nossa história, que havia uma luta entre um regime legal e seus opositores. Uma luta de iguais. A mídia trabalhou de tal modo esse episódio que pode existir quem tenha duvidado da existência de uma ditadura sanguinária no Brasil. Você, eu, milhares de companheiros estamos todos loucos ao falar das torturas. Parece isso.

Não houve uma ditadura que prendeu, torturou, matou. Não houve uma ditadura que empalou pessoas, que assassinou homens e mulheres covardemente, que levou tantos ao suicídio, que cortou cabeças, que torturou crianças, que fez desaparecer mais de uma centena de seres humanos. É, o barulho midiático, alicerçado em fontes da direita, pretende que exageramos em nossas denúncias.

E nós, como diria Gramsci, não precisamos mais do que a verdade. Só precisamos dela. Por isso, Comissão da Verdade. Centenas de companheiros assassinados covardemente, brutalmente, de modo torpe, e somos obrigados a ouvir uma cantilena que naturaliza, que absolve a ditadura e quer porque quer perdoar os seus torturadores e assassinos.

Nenhuma anistia pode, de modo nenhum, perdoar torturadores e assassinos. Aqueles que foram presos pelo Estado têm que ser protegidos por ele. Sequer a legislação da ditadura admitia a tortura. Tanto que seus ministros – poderíamos nos lembrar de Alfredo Buzaid, da Justiça, insistindo na inexistência da tortura – negavam de pés juntos que houvesse tortura no Brasil. Isso configuraria crime até mesmo pela legislação daquele regime de terror. Se pretender levar torturadores e assassinos a julgamento significa rever a lei da Anistia, então estamos propondo a revisão dela. Mas não é disso que se trata propriamente.

Trata-se, para os objetivos da Comissão da Verdade, de apurar todas as violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura, entre 1964 e 1985. E apuradas, os torturadores e assassinos seriam julgados, com todo direito a defesa, como é do rito democrático, pelo poder judiciário, podendo ou não ser condenados. É isso que você tem defendido, corretamente. Caberia dizer que nós, os que combatemos a ditadura, fomos sempre julgados, quando sobrevivemos, por juízes militares, e os julgamentos evidentemente nunca foram imparciais.

Dizem que assim estamos atacando as Forças Armadas. Sabidamente, não é esse o objetivo da Comissão da Verdade. O que não se pode, no entanto, é desconhecer que as Forças Armadas, por seus oficiais, mandaram torturar, matar, seqüestrar, desaparecer pessoas, e sempre, insista-se, de forma covarde. Afinal, regra geral, matavam pessoas indefesas, já presas, já submetidas. Isso não poderá ser apagado da história. Essa mancha de sangue elas carregam. Melhor que se esclareça tudo do período para que, então, as nossas Forças Armadas possam cumprir suas atribuições constitucionais sob o Estado democrático.

Tenho insistido que não adianta alisar a ferida. É como se os mortos nos cobrassem. Como se os desaparecidos nos lembrassem. Não dá para apagar tantos crimes de nossa memória. Enquanto isso tudo não for esclarecido, sempre o assunto voltará, queira a nossa direita ou não.

Por que os tantos países latino-americanos que enfrentaram ditaduras puderam fazer um processo tão claro, julgar e prender seus assassinos, seus Pinochet, e nós temos que passar por cima de tudo, como se nada tivesse acontecido? Essa exigência vem do fundo da consciência humanitária do País, vem daqueles que não aceitam a tortura, sob nenhum argumento, e que a consideram crime imprescritível, assim como o assassinato dentro das prisões e o desaparecimento de pessoas.

Sei, ministro, que chegou a ser utilizado o argumento de que, assim sendo, instalada a Comissão da Verdade, também deveriam ser julgados os que combateram a ditadura. Devagar com o andor que o santo é de barro. Ou, como sempre gosto, recorro a Paulinho da Viola: tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim.

Primeiro, caro ministro, amigo e companheiro, cabe dizer a esses ensandecidos, que nós, ao combater a ditadura, o fazíamos como legítimo direito, o direito de combater um regime espúrio, ilegal, que se instalou por um golpe, que derrubou pela violência um governo democrático. É do direito dos cidadãos de todo o mundo opor-se a golpes militares. Nós não vivíamos, como óbvio, sob um Estado democrático, mas sob uma ditadura.

Segundo, nós já fomos julgados. Você, eu, tantas centenas de outros, que passamos anos nas prisões da ditadura, sabemos disso. Que diabos ainda querem? Enfrentamos tortura, julgamentos espúrios, e depois seríamos julgados de novo? Isso corresponderia, tenho dito com freqüência, a colocar no banco dos réus do Tribunal de Nuremberg aqueles que conseguiram sair vivos dos campos de concentração nazistas.

O que me alegra em tudo isso é ver como a história anda.

Quando imaginaríamos, quando presos, ter um ministro como você? Com essa firmeza e serenidade? Com essa integridade de princípios? Com essa solidariedade aos que ficaram pelo caminho, trucidados pela ditadura?

Claro, poderíamos ir além, e dizer que não pensávamos também ter um presidente vindo das classes trabalhadoras, um operário com esse discernimento político, com esse compromisso com o povo brasileiro. Mas eu quero me deter em você, na sua coerência.

Você ouve o lamento das famílias dos desaparecidos, dos que foram assassinados, dos que foram massacrados. Você, alçado à condição ministerial, consegue manter-se sensível, atento aos companheiros de caminhada, para além da posição política. Eu confesso sentir orgulho de o governo Lula contar com um ministro dessa estatura, com esse grau de compromisso com a humanidade, porque é disso que se trata.

Sem qualquer arrogância, digo com tranqüilidade que nós não descansaremos. Não há hipótese de essa história ser jogada para debaixo do tapete, não há jeito de alisar a ferida. As monstruosidades da ditadura, os assassinos e torturadores não podem ser perdoados. Toda a verdade deve vir à tona. Enquanto não vem, ela permanece como um espectro sobre a Nação.

À medida que a verdade apareça, que os julgamentos ocorram, então a sociedade brasileira pode seguir sua trajetória democrática sem o espectro da ditadura. Enquanto isso não ocorre, o assunto estará sempre presente. Ele é parte de nossa história. Nós queremos que o sol da verdade o ilumine. E volto a dizer que me orgulho de vê-lo firme e sereno nessa luta. Conte sempre comigo.

Grande abraço.
Emiliano José
 

...falando em cassar a liberdade...




Novamente o Brasil terá de prestar contas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Desta vez, pela omissão da Justiça brasileira diante de uma violenta repressão da Polícia Militar contra uma marcha do Movimento dos Sem Terra (MST) no Paraná. O confronto, ocorrido em maio de 2000, resultou na morte do agricultor Antonio Tavares, de 37 anos, vítima do projétil disparado por um PM. O atirador obteve a indulgência do tribunal militar e conseguiu um habeas corpus para trancar a ação penal na Justiça comum, com base na decisão anterior dos colegas de farda.

Leia na íntegra: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=5928

domingo, 31 de janeiro de 2010

O Comitê Olímpico Brasileiro Está Tentando Censurar o Livro Publicado da Professora Katia Rubio

janeiro 28, 2010
Katia Rubio é uma das mais festejadas e respeitadas educadoras olímpica do País, ao lado de Laurete Aparecida de Godoy e tantas outras celebridades do mundo acadêmico. Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo, Kátia também atua como psicóloga do esporte, possui uma série de Livros publicados e uma folha exemplar de serviços prestados para o desenvolvimento do Brasil nessa área. Katia é conferencista sobre o tema Olímpico no Brasil e no exterior.
Seu mais recente Livro chama-se “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”. Uma Obra necessária para quem ensina e dedica-se ao tema.
Pois bem, o Comitê Olímpico Brasileiro está processando a Professora Kátia Rúbio em razão dessa magnífica Obra.
Sei lá o que leva os Pajés Olímpicos a processar Kátia Rubio pela publicação de um Livro absolutamente de conteúdo acadêmico.
Seja lá quais forem as razões dessa gente, essa ação é extremamente preocupante. Assemelha-se às mais sangrentas das ditaduras, em que todos aqueles que não rezam pela cartilha do chefe estão fadados à perseguição. A atitude do COB é deplorável e merece preocupação, pois atenta contra a liberdade de expressão. É uma tentativa de intimidação e controle da produção acadêmica.
O COB tem um setor cultural, que não faz nada de interessante. Publica um monte de bobagens, livros de gente ligada a eles, mal escritos e que acabam encalhando nas prateleiras. Eu os leio por puro dever de ofício. Tem uma parceria com a editora Casa da Palavra (cujo contrato nunca foi revelado), que se presta a, unicamente, na área dos esportes, editar escritos chapa branca, ou que não firam a “filosofia de trabalho” do grupelho que toma conta do nosso olimpismo.
Os acadêmicos, a Universidade de São Paulo, a imprensa, os desportistas devem unir-se para, veementemente, repudiar esse ato autoritário do COB. Se não houver forte reação, aonde vamos parar?
Censura é coisa séria, mas muito séria mesmo. Este Blog solidariza-se com a Educadora e a Professora Kátia Rúbio.

Visite: Esporte Escolar - Centro Esportivo Virtual
http://cev.org.br/comunidade/esporte-escolar/

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

...uma visita virtual...

Visitão do Museu da Favela

Um convite à um novo olhar sobre o território


A equipe do Museu da Favela - MUF realizará, neste sábado, dia 30, o 2° Grupo Experimental de Visitação Turística, uma excursão ao museu, a céu aberto, nos morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, no Rio de Janeiro. A excursão percorre um roteiro experimental projetado, animado e guiado diretamente por moradores da comunidade, com apoio da UNIRIO (Turismologia) e da Base de Inserção Social e Urbana (BISU) do PAC-Rio.


Ao longo da visita, com duração aproximada de duas horas, serão feitas explanações sobre atrações e memória do território, apresentações culturais e exposições com venda de objetos de arte e eco-artesanato da favela. O Museu de Percurso visa propiciar o contato dos moradores com o cotidiano, tornando visíveis seus valores culturais, e com o patrimônio arquitetônico da favela, considerado de relevância histórica mundial.

A excursão custa R$ 25 e as saídas serão realizadas em quatro grupos guiados de até 25 pessoas, num total de 80 visitantes e 20 moradores. A concentração dos grupos será no BISU, Estrada do Cantagalo, 172.

Pontos de Memória – O Museu da Favela integra o Projeto Pontos de Memória cujo objetivo é apoiar a criação de museus comunitários, para a reconstrução e proteção da memória social e coletiva das comunidades a partir de seus moradores, suas origens, histórias e valores. O projeto é resultado de parceria entre os Programas Mais Cultura, do Ministério da Cultura, através do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e do Pronasci, do Ministério da Justiça, com apoio da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

MUF - A Organização Não-Governamental Museu da Favela é formada por lideranças do Complexo Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, comunidades localizadas nos bairros de Copacabana e Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A ONG tem como objetivo principal transformar seu território em um monumento turístico carioca da História de Formação de Favelas, das Origens do Samba, da Cultura do Migrante Nordestino, da Cultura Negra, de Artes Visuais e de Dança.

O MUF fica na Estrada do Cantagalo, 172 – Morro do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Ipanema, Rio de Janeiro – RJ. Tel. (21) 2267-6374 www.museudefavela.com.br


Mais informações podem ser obtidas no Ponto de Memória pelo telefone (61) 2024 6211.



Fonte: IPHAN

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

David Harvey defende transição anti-capitalista

Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo crises, pobreza, fome, destruição ambiental e guerra. Para David Harvey, o capitalismo entrou em uma fase destrutiva que recoloca a necessidade de se voltar a falar de anti-capitalismo, socialismo e comunismo.

Marco Aurélio Weissheimer


Por que é preciso pensar em uma transição anti-capitalista? E o que seria tal transição? A participação de David Harvey, professor de Geografia e Antropologia da City University, de Nova York, no seminário de avaliação de 10 anos do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, foi uma tentativa de responder estas perguntas. A resposta, na verdade, inclui, em primeiro lugar, uma justificativa da pertinência das perguntas. Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo pobreza, fome, destruição ambiental, guerra...

E eis que, nos últimos anos, voltou a se falar em anti-capitalismo e na necessidade de pensar outra forma de organização econômica, política e social. David Harvey veio a Porto Alegre falar sobre isso. Para ele, a necessidade acima citada repousa sobre alguns fatos: o aumento da desigualdade social, a crescente corrupção da democracia pelo poder do dinheiro, o alinhamento da mídia com este grande capital (e seu conseqüente papel de cúmplice na corrupção da democracia), a destruição acelerada do meio ambiente. Esse cenário exige uma resposta política, resume Harvey. Uma resposta política, na sua avaliação, de natureza anti-capitalista. Por que? O autor de “A produção capitalista do espaço” apresenta alguns fatos de natureza econômica para justificar essa afirmação.

O capital fictício e a fábrica de bolhas
O capitalismo, enquanto sistema de organização econômica, está baseado no crescimento. Em geral, a taxa mínima de crescimento aceitável para uma economia capitalista saudável é de 3%. O problema é que está se tornando cada vez mais difícil sustentar essa taxa sem recorrer à criação de variados tipos de capital fictício, como vem ocorrendo com os mercados de ações e com os negócios financeiros nas últimas duas décadas. Para manter essa taxa média de crescimento será preciso produzir mais capital fictício, o que produzirá novas bolhas e novos estouros de bolhas. Um crescimento composto de 3% exige investimentos da ordem de US$ 3 trilhões. Em 1950, havia espaço para isso. Hoje, envolve uma absorção de capital muito problemática. E a China está seguindo o mesmo caminho, diz Harvey.

As crises econômicas nos últimos 30 anos, acrescenta, repousam (e, ao mesmo tempo, aprofundam) na disjunção crescente entre a quantidade de papel fictício e a quantidade de riqueza real. “Por isso precisamos de alternativas ao capitalismo”, insiste. Historicamente essas alternativas são o socialismo ou o comunismo. O primeiro acabou se transformando em uma forma menos selvagem de administração do capitalismo; e o segundo fracassou. Mas esses fracassos não são razão para desistir até por que as crises do capitalismo estão se tornando cada vez mais freqüentes e mais graves, recolocando o tema das alternativas. Para Harvey, o Fórum Social Mundial, ao propor a bandeira do “outro mundo é possível”, deve assumir a tarefa de construir um outro socialismo ou um outro comunismo como alternativas concretas.

A irracionalidade do capitalismo
“Em tempos de crise, a irracionalidade do capitalismo torna-se clara para todos. Excedentes de capital e de trabalho existem lado a lado sem uma forma clara de uni-los em meio a um enorme sofrimento humano e necessidades não satisfeitas. Em pleno verão de 2009, um terço dos bens de capital nos Estados Unidos permaneceu inativo, enquanto cerca de 17 por cento da força de trabalho estava desempregada ou trabalhando involuntariamente em regimes de meio período. O que poderia ser mais absurdo que isso!” – escreve Harvey em seu livro “O enigma do capital”, que deve ser lançado em abril de 2010 pela editora Profile Books. Ele descarta, por outro lado, qualquer inevitabilidade sobre o futuro do capitalismo. O sistema pode sobreviver às crises atuais, admite, mas a um custo altíssimo para a humanidade.

Não basta, portanto, denunciar a irracionalidade do capitalismo. É importante lembrar, assinala Harvey, o que a Marx e Engels apontaram no Manifesto Comunista a respeito das profundas mudanças que o capitalismo trouxe consigo: uma nova relação com a natureza, novas tecnologias, novas relações sociais, outro sistema de produção, mudanças profundas na vida cotidiana das pessoas e novos arranjos políticos institucionais. “Todos esses momentos viveram um processo de co-evolução. O movimento anti-capitalista tem que lutar em todas essas dimensões e não apenas em uma delas como muitos grupos fazem hoje. O grande fracasso do comunismo foi não conseguir manter em movimento todos esses processos. Fundamentalmente, a vida diária tem que mudar, as relações sociais têm que mudar”, defende.

“Precisamos falar de um mundo anti-capitalista”
Harvey está falando da perspectiva de um possível fracasso do capitalismo, de um ponto de instabilidade que afete as engrenagens do sistema. Mais uma vez, ele não aponta nenhuma inevitabilidade ou destino histórico aqui. Trata-se de um diagnóstico sobre o tempo presente. “O capitalismo entrou numa fase de cada vez mais destruição e cada vez menos criação”. E quais seriam, então, as forças sociais capazes de organizar um movimento anti-capitalista nos termos descritos acima? A resposta de Harvey é curta e direta: Hoje não há nenhum grupo pensando ou falando disso. “As ONGs e movimentos sociais que participam do Fórum precisam começar a falar de um mundo anti-capitalista. A esquerda deve mudar seus padrões mentais. As universidades precisam mudar radicalmente”.

A justificativa desses imperativos? Harvey dá mais um exemplo da “racionalidade” capitalista atual. Em janeiro de 2008, 2 milhões de pessoas perderam suas casas nos EUA. Essas famílias, em sua maioria pertencente às comunidades afroamericanas e de origem hispânica, perderam, no total, cerca de 40 bilhões de dólares. Naquele mesmo mês, Wall Street distribuiu um bônus de 32 bilhões de dólares para aqueles “investidores” que provocaram a crise. Uma forma peculiar de redistribuição de riqueza, que mostra que, nesta crise, muitos ricos estão fincando ainda mais ricos. “Estamos vivendo um momento de negação da crise nos EUA. Os trabalhadores, e não os grandes capitalistas, é que estão sendo apontados como responsáveis. É por isso que precisamos de uma transformação revolucionária da ordem social”.

4ever and ever... tente não rir!!!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fórum Mundial de Educação Infanto Juvenil


O Capital em Luta Contra a Lei da Gravidade.

EDIÇÃO nº 1003 e 1004; ano 24; 3ª e 4ª semanas de Janeiro/2010

O Capital em Luta Contra a Lei da Gravidade.
No regime capitalista de produção a lei do valor-trabalho corresponde à lei da gravidade da física. É a essa determinação interna da dinâmica dos ciclos e crises periódicas que os capitalistas procuram neutralizar com
instrumentos políticos, externos ao processo de valorização. 

Por, JOSÉ MARTINS

No Japão, segunda maior economia do mundo, não são apenas os preços (e a taxa de lucro) que caem. Caem também os aviões. Melhor dizendo, aviões em forma de  capital,  em  forma  de  ações  das  suas  gigantes  empresas  de  aviação.  Japan Airlines, a maior empresa aérea do Japão (e da Ásia) declarou falência em 19 de Janeiro  2010 (1).  É  a  maior  quebra  de  uma  empresa  japonesa  de  fora  do  setor
financeiro desde a Segunda Guerra Mundial.
Mas,  antes  que  o  capital  virasse  pó  e  causasse  efeitos  perigosamente dilacerantes  no  mercado,  a  empresa  foi  providencialmente  socorrida  pelo governo japonês, tornando-se assim a mais recente empresa estatal do formidável e  tão  eficiente  sistema  de  livre-mercado  capitalista!  Vamos  então  à  lição  da
semana: como  ressuscitar o capital  falido? Com muito dinheiro público para as empresas privadas falidas e um ponta-pé na bunda dos trabalhadores - no caso da Japan Airlines, demissão de 15.600 trabalhadores, só para começar.

IDÉIAS  E MATÉRIA  – O  último  período  de  crise  já  revelou  abundantemente  a natureza  desse  comunismo  dos  capitalistas  –  o  Estado,  essa  forma  de manifestação  de Deus  na  terra,  de  que  falava Hegel,  exercendo  sem  pudor  sua verdadeira  função  de  comitê  de  negócios  da  burguesia  e  de  administrador  da repressão  armada  da  luta  de  classes.  O  movimento  real  do  capital  confirma
nossas  principais  teses.  Tudo  que  se  diz  do  Estado  moderno  separado  dessa natureza  essencial  não  passa  de  elucubrações  filosóficas  e  acadêmicas procurando esconder sua prática material.
O  que  interessa  verificar  neste movimento  prático  dos  capitalistas  é  um problema central na dinâmica do mercado nos períodos de crise e tentativa de se evitar  a  tendência  catastrófica  do  sistema:  pode-se  afirmar  (ou  negar)  com segurança que essas intervenções políticas externas (Estado) são suficientes para
reverter as pressões internas da superprodução de valor e mais-valia? De maneira mais  prática:  a  intervenção  do Estado  no  curso  da  economia  apresenta  sempre instrumentos  capazes  de  neutralizar  a  tendência  à  queda  da  taxa  de  lucro  e reinaugurar  um  novo  período  de  expansão?  Os  economistas  (liberais, keynesianos  e marxistas)  não  têm  nenhuma  dúvida  que  isso  sempre  acontece.
Mas há controvérsias.
O  melhor  é  ser  modesto  neste  assunto  que  centraliza,  mais  que  em qualquer outro, infinitos pontos de vista (e interesses materiais, por supuesto) das diversas classes sociais do atual regime. As inúmeras concepções ideológicas da forma de existência e das possibilidades de luta das classes sociais, por exemplo,
estão envolvidas neste assunto.
A  única  coisa  certa  é  que  essas  indagações  nos  colocam  frente  ao problema central da análise das crises e ciclos econômicos: a intervenção política se  sobrepõe ao problema  econômico? Quem acertar  a  resposta estará  acertando também  nas  perspectivas  da  economia mundial  daqui  até  o  fim  do  ano.  É  na prática  do movimento material  que  se  comprova  as  boas  formulações  teóricas.
Quem se habilita?
 NÚMEROS CRUCIAIS – Uma sucinta atualização do que se passa neste momento com as condições internas da produção de valor e de mais-valor – que nada mais é do que a popular produção industrial – pode ajudar na solução do problema. É aqui  que  se  origina  e  se  desdobra  aquela  força  de  gravidade  da  economia  que falamos no  início. Os mais  recentes números divulgados pelo Federal Reserve (2) sobre a produção industrial norte-americana, divulgados nesta semana, mostram, neste sentido, coisas muito importantes.
Primeiro,  a  produção  de manufaturas  (bens  duráveis  e  não-duráveis)  da economia  reguladora  do mercado  mundial  caiu  pesadamente  no  ano  de  2009: exatamente  11,4%  sobre  2008,  no  qual  já  tinha  caído  3,2%  sobre  2007.  Isso é uma manifestação muito  forte da  lei do valor-trabalho. Tem que ser  levada em conta  em qualquer  análise que  se proponha  a um mínimo de  seriedade. Não se tem notícia de queda tão profunda da produção de valor, pelo menos nos últimos setenta anos. Pode-se verificar, apesar da precariedade das fontes disponíveis, se em algum ano da Grande Depressão (anos 1930) houve uma  queda desta magnitude. Parece que não.
Os dados divulgados no relatório do Fed mostram também que a utilização da capacidade das manufaturas  em 2009 ficou na média anual de 66,9. Para se ter idéia, a média da utilização nos últimos trinta anos foi de 79,6. O nível mais baixo anterior (72,7) havia sido no ultimo período de crise (2000-2002). Portanto, outro  recorde  de  queda,  no  ano  passado, muito próximo da catástrofe econômica, quer dizer, de uma crise geral do sistema. Em outro plano da evolução do ciclo, contrapondo-se aos movimentos do ano passado como um todo, os dados mostram que a produção começou a se recuperar no terceiro trimestre de 2009  (aumento de 9,0% em termos anuais). Depois cresceu um pouco menos (5.7%) no quarto trimestre 2009. No mês de Dezembro a produção das manufaturas ficou patinando próxima de zero, embora o setor de
maquinários tenha apresentado o primeiro sinal de recuperação (aumento de 2.3%) depois de um mergulho de quase 20% no ano de 2009. Isso se reflete na taxa de acumulação do capital industrial, medida pelo indicador capacidade industrial do Fed. No quarto trimestre de 2009 essa taxa caiu bombásticos 1,7%,
na seqüência de cinco trimestres seguidos de queda. Nada parecido, mais uma vez, desde a Grande Depressão.

PATINANDO EM FINA CAMADA DE GELO  –  Para concluir esse boletim, uma observação  preliminar:  embora  a  economia  real  mostre  sinais  claros  de recuperação  do  período  de  crise,  encerrado  no  terceiro  trimestre  de  2009,  o período  de  expansão  inaugurando  um  novo  ciclo  econômico  ainda  é, aparentemente,  muito  tímido.  A  economia  global  ainda  não  restaurou  a  taxa
média de  lucro do período de  expansão do  ciclo  anterior.  Isso  acontece devido àquela enorme derrocada da produção e do emprego no auge da recente crise. A superação dessa queda da força da gravidade do sistema é necessariamente muito penosa, muito mais difícil que em ciclos anteriores.
As  condições  internas  da  acumulação,  entretanto,  indicam  que  o  mais provável  é  uma  recuperação  mais  forte  no  decorrer  do  ano.  Mas  pode  haver surpresas.  Isso dependerá de  novos  aumentos da produtividade  (exploração)  da força  de  trabalho,  o  que  verificaremos  com  dados  a  serem  publicados  pelo Departamento do Trabalho dos EUA no começo de Fevereiro.
Dependerá  também  do  saneamento  administrativo  (Estado)  de  alguns gargalos  financeiros nos EUA  e China, principalmente, que  ainda  restam e que poderiam neutralizar os avanços dos últimos meses do capital na base produtiva de mais-valia (lucro) e jogar a economia em novo e mais profundo mergulho.
Essa perspectiva de um duplo mergulho, entretanto, não é a mais provável.
Nossa torcida para que isso aconteça é a maior do mundo, mas ela não altera em nada  aquela  indicação  anterior  do mundo  real  de  que  o mais  provável  é  uma consolidação  da  paz  dos  cemitérios  por  mais  três  ou  quatro  anos.
Aprofundaremos melhor essa análise nos próximos boletins.


(1) “Japan Airlines, a maior companhia aérea do Japão, declara falência. A Japan Airlines (JAL), maior
companhia aérea do continente asiático, endividada e atingida por grandes prejuízos, declarou-se nesta
terça-feira em falência e iniciou um severo plano de resgate que incluirá o corte de cerca de 15.600
postos de trabalho” Agência AFP, 20/janeiro/2010.
(2) Federal Reserve System – “Industrial Production and Capacity Utilization”- Janeiro, 15, 2010



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