quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A FÁBULA DA ÁGUIA E DA GALINHA



Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. Oxalá nos faça pensar sempre a respeito.
"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
- De fato, disse o homem.- É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
- Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
- Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tornou a insistir o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas.
O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas.
Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.
Voou. E nunca mais retornou."
Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamosque somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.”

Extraído de artigo publicado pela Folha de São Paulo, por Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor de ética da UERJ. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

... a perseguição continua

No dia 28 de Janeiro, postamos uma notícia sobre a perseguição que o Comitê Olímpico Brasileiro está movendo contra a Profa. Dra. Katia Rúbio (USP).

Esse movimento de censura incomodou nossos irmãos portugueses.

Há pessoas que no âmbito do Movimento Olímpico se julgam no direito de decidir quem pode e quem não pode dedicar-se ao estudo e à investigação das questões do Olimpismo. Na sua profunda ignorância e pesporrência estão convencidos que são proprietários de algo que os transcende. Quer eles queiram quer não, o Olimpismo é propriedade da Humanidade e não de uma qualquer casta que numa atitude profundamente xenófoba se gosta de chamar a si própria de "família olímpica".

E segue assim: http://cev.org.br/biblioteca/a-familia-olimpica/

... mais uma revista digital

REVISTA HISTEDBR ON-LINE
A Revista HISTEDBR On-Line é uma publicação eletrônica do Grupo de Estudos e Pesquisas  “História, Sociedade e Educação no Brasil” – HISTEDBR, sediado na Faculdade de Educação da UNICAMP. Com periodicidade trimestral, está cadastrado no IBICT com número de ISSN: 1676-2584.
A revista publica artigos resultantes de pesquisa ou de reflexão acadêmica, estudos analíticos e resenhas na área de história da educação.



... boletim germinal




Desenho de Jules Grandjouan, publicado como capa da edição especial do periódico L´Assiette au Beurre (Paris, 28-4-1906), a propósito da bandeira central de luta naquele Primeiro de Maio. A gravura foi publicada pela primeira vez no Brasil, pela Editora Kairós, na capa de O direito à Preguiça, de Paul Lafargue.

Codex Alimentarius - é preciso ouvir para entender e...




Codex Alimentarius





Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=EIALS7dtitk
Parte 3 - http://www.youtube.com/watch?v=-lhaNA7TqJo
Parte 4 - http://www.youtube.com/watch?v=tI0MeeIYBo8
Parte 5 - http://www.youtube.com/watch?v=U1WFt-bf-LA

... a farsa sobre o aquecimento global



Participação das mulheres na ciência é essencial

Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, sociedade moderna não pode prescindir da contribuição das pesquisadoras ao desenvolvimento científico e tecnológico
Na abertura do Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências, nesta segunda-feira, dia 1º, a ministra Nilcéa Freire afirmou ser de extrema importância analisar a historicidade dos indicadores científicos que nos mostram os desafios que as mulheres enfrentam ao se aventurar no mundo das ciências.

Para ela, é indispensável a realização de diagnósticos atuais e apropriados para desenvolver ações que reparem as desigualdades ainda existentes entre pesquisadores e pesquisadoras.

"A disponibilidade de indicadores de ciência e tecnologia separados por sexo em todas as dimensões em que se desenvolve atividade cientifica é um quesito básico para conhecer o estado da ciência e a detecção de padrões de estratificação", afirmou a ministra.

Nilcéa disse ainda ser fundamental...
 

Um cordel inteligente...

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".

Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:




Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

 
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

 
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.


Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.


O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.


Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.


Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.


Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.


Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.


Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.


A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.


Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.


O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.


Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.


É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.


Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.


A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.


E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

 
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.


E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.


A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.


Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.


Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?


Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…


FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2010.

* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci.wordpress.com/
2010 é um ano eleitoral. Espero que os eleitores brasileiros valorizem seus votos, pois o voto é a arma para acabar com a impunidade no país

 SENSO CRÍTICO, SAÚDE, PAZ & AMOR - HOJE E SEMPRE !

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

...pode até não obrigar...

... mas tire suas conclusões acerca do papel da propaganda no convencimento do consumidor!



Filme da campanha assinada pela ABAP e ABA, mostrando a importância da propaganda para a sociedade. 

...um pouco sobre o Haiti...

Haiti: dois séculos de devastação

 por Carolina Rocha


O Haiti foi a primeira nação independente da América Latina. Liberdade conquistada sob condições muito peculiares: através de uma insurreição escrava. Por isso, as elites escravocratas da América Latina temeram por muito tempo o chamado “haitianismo”. A independência, de fato, só foi proclamada em 1804, após uma década de conflitos, o que resultou num Haiti livre, mas devastado. A história recente do país permanece caótica, com governos breves, golpes de estado, corrupção, rebeliões e maciças intervenções estrangeiras.
De repente um terremoto fez com que os olhos do mundo estivessem voltados para o país. Centenas de jornais e revistas, impressos ou não, mantêm a manchete do Haiti há semanas. A ajuda internacional chegou à capital, mas de forma desarticulada, e enquanto as pessoas morriam de fome ou debaixo dos escombros, nações estrangeiras disputavam o controle de postos militares. Desde o terremoto, o Haiti vive um impasse diplomático entre as forças da ONU e os Estados Unidos responsáveis, oficialmente, apenas pela ajuda humanitária à população. Muitos militares brasileiros, chilenos e mexicanos, em Porto Príncipe, têm reclamado da presença ostensiva de tropas norte-americanas na cidade. Segundo eles, os americanos são autoritários e despreparados, pois chegaram tardiamente tumultuando operações e não procuraram se informar sobre as características do lugar e nem sobre as tradições de sua população.

Se houve demora em atender as necessidades da população, as notícias não tardaram a chegar. Todos, a partir de então, se arriscaram a fazer um diagnóstico da situação: jornalistas, colunistas, historiadores, cientistas, antropólogos, celebridades, militares, religiosos e políticos.

Por todo lado, eram procuradas razões e culpados pela destruição do Haiti. Ora a culpa era de Deus e de sua insondável natureza, ora do Diabo e sua sábia destreza. Houve até quem responsabilizasse o próprio povo haitiano por destruir seu país, graças a sua religião demoníaca de matriz africana: o vodu. O líder evangélico estadunidense Pat Roberton atribuiu o desastre ao pacto que os haitianos fizeram com o demônio em troca de sua independência no século XVII. E o cônsul do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, disse que a “desgraça de lá (Haiti) está sendo uma boa”, porque “o africano em si tem maldição. Todo lugar em que tem africano tá foda”.

O que dizer então do furacão Katrina que em 2005 devastou Nova Orleans, onde a maioria da população é negra? Nenhum cônsul ou líder evangélico culpou o Sul dos Estados Unidos de fazer pacto com o diabo. Será porque o vodu deles, herança de diásporas africanas, é melhor que o haitiano?

O terremoto aos poucos já está sumindo dos noticiários. Em breve, as imagens da catástrofe se tornarão triviais e o mundo estará preocupado com algum outro desastre. Os próprios haitianos estão com medo de que a mídia saia de Porto Príncipe e eles fiquem abandonados.
 

... espero estar dentro...

Uma paixão que faz ferver a adrenalina no sangue...



... a queda de braço capitalismo X outro modelo societário...

EUA: o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar
A decisão radical da Suprema Corte dos Estados Unidos, em 21 de janeiro deste ano permite às companhias gastarem dinheiro ilimitadamente na política. Anulando 100 anos de restrições aos gastos corporativos, os dois juizes mais novos, John Roberts e Samuel Alito, indicados pelo Presidente George W. Bush, tornaram a Suprema Corte um aliado das grandes corporações. Os insípidos debates em Davos sobre a questão capitalismo versus socialismo foram suplantados pela conquista da democracia das corporações.O artigo é de Hazel Henderson. 

Hazel Henderson é presidente do Ethical Markets Media (EUA e Brasil) e da Green Transition Scoreboard, companhia signatária dos Princípios do Investimento Responsável, da ONU. É fundadora e co-diretora da Academia Mundial de Negócios MercadoÉtico para a propaganda ética, autora de vários livros e co-criadora do Indicadores de Qualidade de Vida Calvert-Henderson www.ethicalmarkets.com 
A visão fantástica dessa mais alta Corte dos Estados Unidos defende que o dinheiro é equivalente à livre expressão sob a Primeira Emenda, e que a corporações são “pessoas” equivalentes a seres humanos. A irrealidade dessa visão também equipara corporações com sindicatos, sem reconhecer que sindicatos representam pessoas reais, enquanto corporações são entidades legais com o propósito de fazer dinheiro para os seus acionistas.

Os efeitos dessa apertada decisão por 5 a 4 na Suprema Corte incluem a permissão de acesso à Política do país através de vários investidores internacionais que detêm ações em corporações estadunidenses. Por exemplo, o Príncipe Alaweed bin Talal da Arábia Saudita é um dos maiores investidores do Citibank e da New Corporation, que tem o Wall Street Journal, a Rede de Televisão Fox, a Sky News e uma outra mídia global. Os Fundos Soberanos da Noruega, da China, de Cingapura, do Kuwait e de outros países podem agora influenciar a política dos EUA como jamais ocorreu antes.

Advogados constitucionalistas estão assombrados, inclusive o Presidente Obama, que observou: “A Suprema Corte deu luz verde para a avalanche de interesses especiais do dinheiro em nossa política. Essa é uma grande vitória do Petróleo, dos banqueiros de Wall Street, das companhias de seguro de saúde e de outros interesses que manobram diariamente o poder em Washington e abafa, cotidianamente, as vozes dos americanos”.


...falando em cassar a liberdade II...

Carta aberta ao ministro Paulo Vannuchi
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Caríssimo companheiro e amigo Paulo Vannuchi,

Nesses dias tempestuosos gostaria de tê-lo abraçado pessoalmente, transmitir-lhe meu apreço, minha amizade e minha mais absoluta solidariedade. Não foi possível, no entanto. Estou lhe escrevendo agora, no momento em que a poeira baixou, sei que momentaneamente. Todo esse barulho em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos tem objetivos definidos, não carrega qualquer inocência, faz parte da dura luta política que enfrentamos no Brasil.

Nós, da esquerda, às vezes acreditamos que o caminho está livre. Que somos atores solitários, que a história conspira a nosso favor. Não conspira. A história é feita por homens e mulheres, sob circunstâncias concretas. Sei que você sabe disso, mas o óbvio ajuda. Aqui estamos nós no Brasil enfrentando a discussão de um plano elaborado democraticamente, numa vasta conferência nacional. E a direita toda se assanha, e ministros se assanham, e parece que o mundo vem abaixo se for implantada a Comissão da Verdade.

E eu trato apenas disso, nessa carta. Não dos outros pontos ditos polêmicos.

Os que fizeram a ditadura e seus defensores acreditam ser possível jogar para debaixo do tapete os crimes do período. Às vezes, pode até parecer, para os que conhecem pouco de nossa história, que havia uma luta entre um regime legal e seus opositores. Uma luta de iguais. A mídia trabalhou de tal modo esse episódio que pode existir quem tenha duvidado da existência de uma ditadura sanguinária no Brasil. Você, eu, milhares de companheiros estamos todos loucos ao falar das torturas. Parece isso.

Não houve uma ditadura que prendeu, torturou, matou. Não houve uma ditadura que empalou pessoas, que assassinou homens e mulheres covardemente, que levou tantos ao suicídio, que cortou cabeças, que torturou crianças, que fez desaparecer mais de uma centena de seres humanos. É, o barulho midiático, alicerçado em fontes da direita, pretende que exageramos em nossas denúncias.

E nós, como diria Gramsci, não precisamos mais do que a verdade. Só precisamos dela. Por isso, Comissão da Verdade. Centenas de companheiros assassinados covardemente, brutalmente, de modo torpe, e somos obrigados a ouvir uma cantilena que naturaliza, que absolve a ditadura e quer porque quer perdoar os seus torturadores e assassinos.

Nenhuma anistia pode, de modo nenhum, perdoar torturadores e assassinos. Aqueles que foram presos pelo Estado têm que ser protegidos por ele. Sequer a legislação da ditadura admitia a tortura. Tanto que seus ministros – poderíamos nos lembrar de Alfredo Buzaid, da Justiça, insistindo na inexistência da tortura – negavam de pés juntos que houvesse tortura no Brasil. Isso configuraria crime até mesmo pela legislação daquele regime de terror. Se pretender levar torturadores e assassinos a julgamento significa rever a lei da Anistia, então estamos propondo a revisão dela. Mas não é disso que se trata propriamente.

Trata-se, para os objetivos da Comissão da Verdade, de apurar todas as violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura, entre 1964 e 1985. E apuradas, os torturadores e assassinos seriam julgados, com todo direito a defesa, como é do rito democrático, pelo poder judiciário, podendo ou não ser condenados. É isso que você tem defendido, corretamente. Caberia dizer que nós, os que combatemos a ditadura, fomos sempre julgados, quando sobrevivemos, por juízes militares, e os julgamentos evidentemente nunca foram imparciais.

Dizem que assim estamos atacando as Forças Armadas. Sabidamente, não é esse o objetivo da Comissão da Verdade. O que não se pode, no entanto, é desconhecer que as Forças Armadas, por seus oficiais, mandaram torturar, matar, seqüestrar, desaparecer pessoas, e sempre, insista-se, de forma covarde. Afinal, regra geral, matavam pessoas indefesas, já presas, já submetidas. Isso não poderá ser apagado da história. Essa mancha de sangue elas carregam. Melhor que se esclareça tudo do período para que, então, as nossas Forças Armadas possam cumprir suas atribuições constitucionais sob o Estado democrático.

Tenho insistido que não adianta alisar a ferida. É como se os mortos nos cobrassem. Como se os desaparecidos nos lembrassem. Não dá para apagar tantos crimes de nossa memória. Enquanto isso tudo não for esclarecido, sempre o assunto voltará, queira a nossa direita ou não.

Por que os tantos países latino-americanos que enfrentaram ditaduras puderam fazer um processo tão claro, julgar e prender seus assassinos, seus Pinochet, e nós temos que passar por cima de tudo, como se nada tivesse acontecido? Essa exigência vem do fundo da consciência humanitária do País, vem daqueles que não aceitam a tortura, sob nenhum argumento, e que a consideram crime imprescritível, assim como o assassinato dentro das prisões e o desaparecimento de pessoas.

Sei, ministro, que chegou a ser utilizado o argumento de que, assim sendo, instalada a Comissão da Verdade, também deveriam ser julgados os que combateram a ditadura. Devagar com o andor que o santo é de barro. Ou, como sempre gosto, recorro a Paulinho da Viola: tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim.

Primeiro, caro ministro, amigo e companheiro, cabe dizer a esses ensandecidos, que nós, ao combater a ditadura, o fazíamos como legítimo direito, o direito de combater um regime espúrio, ilegal, que se instalou por um golpe, que derrubou pela violência um governo democrático. É do direito dos cidadãos de todo o mundo opor-se a golpes militares. Nós não vivíamos, como óbvio, sob um Estado democrático, mas sob uma ditadura.

Segundo, nós já fomos julgados. Você, eu, tantas centenas de outros, que passamos anos nas prisões da ditadura, sabemos disso. Que diabos ainda querem? Enfrentamos tortura, julgamentos espúrios, e depois seríamos julgados de novo? Isso corresponderia, tenho dito com freqüência, a colocar no banco dos réus do Tribunal de Nuremberg aqueles que conseguiram sair vivos dos campos de concentração nazistas.

O que me alegra em tudo isso é ver como a história anda.

Quando imaginaríamos, quando presos, ter um ministro como você? Com essa firmeza e serenidade? Com essa integridade de princípios? Com essa solidariedade aos que ficaram pelo caminho, trucidados pela ditadura?

Claro, poderíamos ir além, e dizer que não pensávamos também ter um presidente vindo das classes trabalhadoras, um operário com esse discernimento político, com esse compromisso com o povo brasileiro. Mas eu quero me deter em você, na sua coerência.

Você ouve o lamento das famílias dos desaparecidos, dos que foram assassinados, dos que foram massacrados. Você, alçado à condição ministerial, consegue manter-se sensível, atento aos companheiros de caminhada, para além da posição política. Eu confesso sentir orgulho de o governo Lula contar com um ministro dessa estatura, com esse grau de compromisso com a humanidade, porque é disso que se trata.

Sem qualquer arrogância, digo com tranqüilidade que nós não descansaremos. Não há hipótese de essa história ser jogada para debaixo do tapete, não há jeito de alisar a ferida. As monstruosidades da ditadura, os assassinos e torturadores não podem ser perdoados. Toda a verdade deve vir à tona. Enquanto não vem, ela permanece como um espectro sobre a Nação.

À medida que a verdade apareça, que os julgamentos ocorram, então a sociedade brasileira pode seguir sua trajetória democrática sem o espectro da ditadura. Enquanto isso não ocorre, o assunto estará sempre presente. Ele é parte de nossa história. Nós queremos que o sol da verdade o ilumine. E volto a dizer que me orgulho de vê-lo firme e sereno nessa luta. Conte sempre comigo.

Grande abraço.
Emiliano José
 

...falando em cassar a liberdade...




Novamente o Brasil terá de prestar contas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Desta vez, pela omissão da Justiça brasileira diante de uma violenta repressão da Polícia Militar contra uma marcha do Movimento dos Sem Terra (MST) no Paraná. O confronto, ocorrido em maio de 2000, resultou na morte do agricultor Antonio Tavares, de 37 anos, vítima do projétil disparado por um PM. O atirador obteve a indulgência do tribunal militar e conseguiu um habeas corpus para trancar a ação penal na Justiça comum, com base na decisão anterior dos colegas de farda.

Leia na íntegra: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=5928

domingo, 31 de janeiro de 2010

O Comitê Olímpico Brasileiro Está Tentando Censurar o Livro Publicado da Professora Katia Rubio

janeiro 28, 2010
Katia Rubio é uma das mais festejadas e respeitadas educadoras olímpica do País, ao lado de Laurete Aparecida de Godoy e tantas outras celebridades do mundo acadêmico. Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo, Kátia também atua como psicóloga do esporte, possui uma série de Livros publicados e uma folha exemplar de serviços prestados para o desenvolvimento do Brasil nessa área. Katia é conferencista sobre o tema Olímpico no Brasil e no exterior.
Seu mais recente Livro chama-se “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”. Uma Obra necessária para quem ensina e dedica-se ao tema.
Pois bem, o Comitê Olímpico Brasileiro está processando a Professora Kátia Rúbio em razão dessa magnífica Obra.
Sei lá o que leva os Pajés Olímpicos a processar Kátia Rubio pela publicação de um Livro absolutamente de conteúdo acadêmico.
Seja lá quais forem as razões dessa gente, essa ação é extremamente preocupante. Assemelha-se às mais sangrentas das ditaduras, em que todos aqueles que não rezam pela cartilha do chefe estão fadados à perseguição. A atitude do COB é deplorável e merece preocupação, pois atenta contra a liberdade de expressão. É uma tentativa de intimidação e controle da produção acadêmica.
O COB tem um setor cultural, que não faz nada de interessante. Publica um monte de bobagens, livros de gente ligada a eles, mal escritos e que acabam encalhando nas prateleiras. Eu os leio por puro dever de ofício. Tem uma parceria com a editora Casa da Palavra (cujo contrato nunca foi revelado), que se presta a, unicamente, na área dos esportes, editar escritos chapa branca, ou que não firam a “filosofia de trabalho” do grupelho que toma conta do nosso olimpismo.
Os acadêmicos, a Universidade de São Paulo, a imprensa, os desportistas devem unir-se para, veementemente, repudiar esse ato autoritário do COB. Se não houver forte reação, aonde vamos parar?
Censura é coisa séria, mas muito séria mesmo. Este Blog solidariza-se com a Educadora e a Professora Kátia Rúbio.

Visite: Esporte Escolar - Centro Esportivo Virtual
http://cev.org.br/comunidade/esporte-escolar/

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

...uma visita virtual...

Visitão do Museu da Favela

Um convite à um novo olhar sobre o território


A equipe do Museu da Favela - MUF realizará, neste sábado, dia 30, o 2° Grupo Experimental de Visitação Turística, uma excursão ao museu, a céu aberto, nos morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, no Rio de Janeiro. A excursão percorre um roteiro experimental projetado, animado e guiado diretamente por moradores da comunidade, com apoio da UNIRIO (Turismologia) e da Base de Inserção Social e Urbana (BISU) do PAC-Rio.


Ao longo da visita, com duração aproximada de duas horas, serão feitas explanações sobre atrações e memória do território, apresentações culturais e exposições com venda de objetos de arte e eco-artesanato da favela. O Museu de Percurso visa propiciar o contato dos moradores com o cotidiano, tornando visíveis seus valores culturais, e com o patrimônio arquitetônico da favela, considerado de relevância histórica mundial.

A excursão custa R$ 25 e as saídas serão realizadas em quatro grupos guiados de até 25 pessoas, num total de 80 visitantes e 20 moradores. A concentração dos grupos será no BISU, Estrada do Cantagalo, 172.

Pontos de Memória – O Museu da Favela integra o Projeto Pontos de Memória cujo objetivo é apoiar a criação de museus comunitários, para a reconstrução e proteção da memória social e coletiva das comunidades a partir de seus moradores, suas origens, histórias e valores. O projeto é resultado de parceria entre os Programas Mais Cultura, do Ministério da Cultura, através do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e do Pronasci, do Ministério da Justiça, com apoio da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

MUF - A Organização Não-Governamental Museu da Favela é formada por lideranças do Complexo Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, comunidades localizadas nos bairros de Copacabana e Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A ONG tem como objetivo principal transformar seu território em um monumento turístico carioca da História de Formação de Favelas, das Origens do Samba, da Cultura do Migrante Nordestino, da Cultura Negra, de Artes Visuais e de Dança.

O MUF fica na Estrada do Cantagalo, 172 – Morro do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Ipanema, Rio de Janeiro – RJ. Tel. (21) 2267-6374 www.museudefavela.com.br


Mais informações podem ser obtidas no Ponto de Memória pelo telefone (61) 2024 6211.



Fonte: IPHAN

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

David Harvey defende transição anti-capitalista

Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo crises, pobreza, fome, destruição ambiental e guerra. Para David Harvey, o capitalismo entrou em uma fase destrutiva que recoloca a necessidade de se voltar a falar de anti-capitalismo, socialismo e comunismo.

Marco Aurélio Weissheimer


Por que é preciso pensar em uma transição anti-capitalista? E o que seria tal transição? A participação de David Harvey, professor de Geografia e Antropologia da City University, de Nova York, no seminário de avaliação de 10 anos do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, foi uma tentativa de responder estas perguntas. A resposta, na verdade, inclui, em primeiro lugar, uma justificativa da pertinência das perguntas. Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo pobreza, fome, destruição ambiental, guerra...

E eis que, nos últimos anos, voltou a se falar em anti-capitalismo e na necessidade de pensar outra forma de organização econômica, política e social. David Harvey veio a Porto Alegre falar sobre isso. Para ele, a necessidade acima citada repousa sobre alguns fatos: o aumento da desigualdade social, a crescente corrupção da democracia pelo poder do dinheiro, o alinhamento da mídia com este grande capital (e seu conseqüente papel de cúmplice na corrupção da democracia), a destruição acelerada do meio ambiente. Esse cenário exige uma resposta política, resume Harvey. Uma resposta política, na sua avaliação, de natureza anti-capitalista. Por que? O autor de “A produção capitalista do espaço” apresenta alguns fatos de natureza econômica para justificar essa afirmação.

O capital fictício e a fábrica de bolhas
O capitalismo, enquanto sistema de organização econômica, está baseado no crescimento. Em geral, a taxa mínima de crescimento aceitável para uma economia capitalista saudável é de 3%. O problema é que está se tornando cada vez mais difícil sustentar essa taxa sem recorrer à criação de variados tipos de capital fictício, como vem ocorrendo com os mercados de ações e com os negócios financeiros nas últimas duas décadas. Para manter essa taxa média de crescimento será preciso produzir mais capital fictício, o que produzirá novas bolhas e novos estouros de bolhas. Um crescimento composto de 3% exige investimentos da ordem de US$ 3 trilhões. Em 1950, havia espaço para isso. Hoje, envolve uma absorção de capital muito problemática. E a China está seguindo o mesmo caminho, diz Harvey.

As crises econômicas nos últimos 30 anos, acrescenta, repousam (e, ao mesmo tempo, aprofundam) na disjunção crescente entre a quantidade de papel fictício e a quantidade de riqueza real. “Por isso precisamos de alternativas ao capitalismo”, insiste. Historicamente essas alternativas são o socialismo ou o comunismo. O primeiro acabou se transformando em uma forma menos selvagem de administração do capitalismo; e o segundo fracassou. Mas esses fracassos não são razão para desistir até por que as crises do capitalismo estão se tornando cada vez mais freqüentes e mais graves, recolocando o tema das alternativas. Para Harvey, o Fórum Social Mundial, ao propor a bandeira do “outro mundo é possível”, deve assumir a tarefa de construir um outro socialismo ou um outro comunismo como alternativas concretas.

A irracionalidade do capitalismo
“Em tempos de crise, a irracionalidade do capitalismo torna-se clara para todos. Excedentes de capital e de trabalho existem lado a lado sem uma forma clara de uni-los em meio a um enorme sofrimento humano e necessidades não satisfeitas. Em pleno verão de 2009, um terço dos bens de capital nos Estados Unidos permaneceu inativo, enquanto cerca de 17 por cento da força de trabalho estava desempregada ou trabalhando involuntariamente em regimes de meio período. O que poderia ser mais absurdo que isso!” – escreve Harvey em seu livro “O enigma do capital”, que deve ser lançado em abril de 2010 pela editora Profile Books. Ele descarta, por outro lado, qualquer inevitabilidade sobre o futuro do capitalismo. O sistema pode sobreviver às crises atuais, admite, mas a um custo altíssimo para a humanidade.

Não basta, portanto, denunciar a irracionalidade do capitalismo. É importante lembrar, assinala Harvey, o que a Marx e Engels apontaram no Manifesto Comunista a respeito das profundas mudanças que o capitalismo trouxe consigo: uma nova relação com a natureza, novas tecnologias, novas relações sociais, outro sistema de produção, mudanças profundas na vida cotidiana das pessoas e novos arranjos políticos institucionais. “Todos esses momentos viveram um processo de co-evolução. O movimento anti-capitalista tem que lutar em todas essas dimensões e não apenas em uma delas como muitos grupos fazem hoje. O grande fracasso do comunismo foi não conseguir manter em movimento todos esses processos. Fundamentalmente, a vida diária tem que mudar, as relações sociais têm que mudar”, defende.

“Precisamos falar de um mundo anti-capitalista”
Harvey está falando da perspectiva de um possível fracasso do capitalismo, de um ponto de instabilidade que afete as engrenagens do sistema. Mais uma vez, ele não aponta nenhuma inevitabilidade ou destino histórico aqui. Trata-se de um diagnóstico sobre o tempo presente. “O capitalismo entrou numa fase de cada vez mais destruição e cada vez menos criação”. E quais seriam, então, as forças sociais capazes de organizar um movimento anti-capitalista nos termos descritos acima? A resposta de Harvey é curta e direta: Hoje não há nenhum grupo pensando ou falando disso. “As ONGs e movimentos sociais que participam do Fórum precisam começar a falar de um mundo anti-capitalista. A esquerda deve mudar seus padrões mentais. As universidades precisam mudar radicalmente”.

A justificativa desses imperativos? Harvey dá mais um exemplo da “racionalidade” capitalista atual. Em janeiro de 2008, 2 milhões de pessoas perderam suas casas nos EUA. Essas famílias, em sua maioria pertencente às comunidades afroamericanas e de origem hispânica, perderam, no total, cerca de 40 bilhões de dólares. Naquele mesmo mês, Wall Street distribuiu um bônus de 32 bilhões de dólares para aqueles “investidores” que provocaram a crise. Uma forma peculiar de redistribuição de riqueza, que mostra que, nesta crise, muitos ricos estão fincando ainda mais ricos. “Estamos vivendo um momento de negação da crise nos EUA. Os trabalhadores, e não os grandes capitalistas, é que estão sendo apontados como responsáveis. É por isso que precisamos de uma transformação revolucionária da ordem social”.

4ever and ever... tente não rir!!!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fórum Mundial de Educação Infanto Juvenil


O Capital em Luta Contra a Lei da Gravidade.

EDIÇÃO nº 1003 e 1004; ano 24; 3ª e 4ª semanas de Janeiro/2010

O Capital em Luta Contra a Lei da Gravidade.
No regime capitalista de produção a lei do valor-trabalho corresponde à lei da gravidade da física. É a essa determinação interna da dinâmica dos ciclos e crises periódicas que os capitalistas procuram neutralizar com
instrumentos políticos, externos ao processo de valorização. 

Por, JOSÉ MARTINS

No Japão, segunda maior economia do mundo, não são apenas os preços (e a taxa de lucro) que caem. Caem também os aviões. Melhor dizendo, aviões em forma de  capital,  em  forma  de  ações  das  suas  gigantes  empresas  de  aviação.  Japan Airlines, a maior empresa aérea do Japão (e da Ásia) declarou falência em 19 de Janeiro  2010 (1).  É  a  maior  quebra  de  uma  empresa  japonesa  de  fora  do  setor
financeiro desde a Segunda Guerra Mundial.
Mas,  antes  que  o  capital  virasse  pó  e  causasse  efeitos  perigosamente dilacerantes  no  mercado,  a  empresa  foi  providencialmente  socorrida  pelo governo japonês, tornando-se assim a mais recente empresa estatal do formidável e  tão  eficiente  sistema  de  livre-mercado  capitalista!  Vamos  então  à  lição  da
semana: como  ressuscitar o capital  falido? Com muito dinheiro público para as empresas privadas falidas e um ponta-pé na bunda dos trabalhadores - no caso da Japan Airlines, demissão de 15.600 trabalhadores, só para começar.

IDÉIAS  E MATÉRIA  – O  último  período  de  crise  já  revelou  abundantemente  a natureza  desse  comunismo  dos  capitalistas  –  o  Estado,  essa  forma  de manifestação  de Deus  na  terra,  de  que  falava Hegel,  exercendo  sem  pudor  sua verdadeira  função  de  comitê  de  negócios  da  burguesia  e  de  administrador  da repressão  armada  da  luta  de  classes.  O  movimento  real  do  capital  confirma
nossas  principais  teses.  Tudo  que  se  diz  do  Estado  moderno  separado  dessa natureza  essencial  não  passa  de  elucubrações  filosóficas  e  acadêmicas procurando esconder sua prática material.
O  que  interessa  verificar  neste movimento  prático  dos  capitalistas  é  um problema central na dinâmica do mercado nos períodos de crise e tentativa de se evitar  a  tendência  catastrófica  do  sistema:  pode-se  afirmar  (ou  negar)  com segurança que essas intervenções políticas externas (Estado) são suficientes para
reverter as pressões internas da superprodução de valor e mais-valia? De maneira mais  prática:  a  intervenção  do Estado  no  curso  da  economia  apresenta  sempre instrumentos  capazes  de  neutralizar  a  tendência  à  queda  da  taxa  de  lucro  e reinaugurar  um  novo  período  de  expansão?  Os  economistas  (liberais, keynesianos  e marxistas)  não  têm  nenhuma  dúvida  que  isso  sempre  acontece.
Mas há controvérsias.
O  melhor  é  ser  modesto  neste  assunto  que  centraliza,  mais  que  em qualquer outro, infinitos pontos de vista (e interesses materiais, por supuesto) das diversas classes sociais do atual regime. As inúmeras concepções ideológicas da forma de existência e das possibilidades de luta das classes sociais, por exemplo,
estão envolvidas neste assunto.
A  única  coisa  certa  é  que  essas  indagações  nos  colocam  frente  ao problema central da análise das crises e ciclos econômicos: a intervenção política se  sobrepõe ao problema  econômico? Quem acertar  a  resposta estará  acertando também  nas  perspectivas  da  economia mundial  daqui  até  o  fim  do  ano.  É  na prática  do movimento material  que  se  comprova  as  boas  formulações  teóricas.
Quem se habilita?
 NÚMEROS CRUCIAIS – Uma sucinta atualização do que se passa neste momento com as condições internas da produção de valor e de mais-valor – que nada mais é do que a popular produção industrial – pode ajudar na solução do problema. É aqui  que  se  origina  e  se  desdobra  aquela  força  de  gravidade  da  economia  que falamos no  início. Os mais  recentes números divulgados pelo Federal Reserve (2) sobre a produção industrial norte-americana, divulgados nesta semana, mostram, neste sentido, coisas muito importantes.
Primeiro,  a  produção  de manufaturas  (bens  duráveis  e  não-duráveis)  da economia  reguladora  do mercado  mundial  caiu  pesadamente  no  ano  de  2009: exatamente  11,4%  sobre  2008,  no  qual  já  tinha  caído  3,2%  sobre  2007.  Isso é uma manifestação muito  forte da  lei do valor-trabalho. Tem que ser  levada em conta  em qualquer  análise que  se proponha  a um mínimo de  seriedade. Não se tem notícia de queda tão profunda da produção de valor, pelo menos nos últimos setenta anos. Pode-se verificar, apesar da precariedade das fontes disponíveis, se em algum ano da Grande Depressão (anos 1930) houve uma  queda desta magnitude. Parece que não.
Os dados divulgados no relatório do Fed mostram também que a utilização da capacidade das manufaturas  em 2009 ficou na média anual de 66,9. Para se ter idéia, a média da utilização nos últimos trinta anos foi de 79,6. O nível mais baixo anterior (72,7) havia sido no ultimo período de crise (2000-2002). Portanto, outro  recorde  de  queda,  no  ano  passado, muito próximo da catástrofe econômica, quer dizer, de uma crise geral do sistema. Em outro plano da evolução do ciclo, contrapondo-se aos movimentos do ano passado como um todo, os dados mostram que a produção começou a se recuperar no terceiro trimestre de 2009  (aumento de 9,0% em termos anuais). Depois cresceu um pouco menos (5.7%) no quarto trimestre 2009. No mês de Dezembro a produção das manufaturas ficou patinando próxima de zero, embora o setor de
maquinários tenha apresentado o primeiro sinal de recuperação (aumento de 2.3%) depois de um mergulho de quase 20% no ano de 2009. Isso se reflete na taxa de acumulação do capital industrial, medida pelo indicador capacidade industrial do Fed. No quarto trimestre de 2009 essa taxa caiu bombásticos 1,7%,
na seqüência de cinco trimestres seguidos de queda. Nada parecido, mais uma vez, desde a Grande Depressão.

PATINANDO EM FINA CAMADA DE GELO  –  Para concluir esse boletim, uma observação  preliminar:  embora  a  economia  real  mostre  sinais  claros  de recuperação  do  período  de  crise,  encerrado  no  terceiro  trimestre  de  2009,  o período  de  expansão  inaugurando  um  novo  ciclo  econômico  ainda  é, aparentemente,  muito  tímido.  A  economia  global  ainda  não  restaurou  a  taxa
média de  lucro do período de  expansão do  ciclo  anterior.  Isso  acontece devido àquela enorme derrocada da produção e do emprego no auge da recente crise. A superação dessa queda da força da gravidade do sistema é necessariamente muito penosa, muito mais difícil que em ciclos anteriores.
As  condições  internas  da  acumulação,  entretanto,  indicam  que  o  mais provável  é  uma  recuperação  mais  forte  no  decorrer  do  ano.  Mas  pode  haver surpresas.  Isso dependerá de  novos  aumentos da produtividade  (exploração)  da força  de  trabalho,  o  que  verificaremos  com  dados  a  serem  publicados  pelo Departamento do Trabalho dos EUA no começo de Fevereiro.
Dependerá  também  do  saneamento  administrativo  (Estado)  de  alguns gargalos  financeiros nos EUA  e China, principalmente, que  ainda  restam e que poderiam neutralizar os avanços dos últimos meses do capital na base produtiva de mais-valia (lucro) e jogar a economia em novo e mais profundo mergulho.
Essa perspectiva de um duplo mergulho, entretanto, não é a mais provável.
Nossa torcida para que isso aconteça é a maior do mundo, mas ela não altera em nada  aquela  indicação  anterior  do mundo  real  de  que  o mais  provável  é  uma consolidação  da  paz  dos  cemitérios  por  mais  três  ou  quatro  anos.
Aprofundaremos melhor essa análise nos próximos boletins.


(1) “Japan Airlines, a maior companhia aérea do Japão, declara falência. A Japan Airlines (JAL), maior
companhia aérea do continente asiático, endividada e atingida por grandes prejuízos, declarou-se nesta
terça-feira em falência e iniciou um severo plano de resgate que incluirá o corte de cerca de 15.600
postos de trabalho” Agência AFP, 20/janeiro/2010.
(2) Federal Reserve System – “Industrial Production and Capacity Utilization”- Janeiro, 15, 2010



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24 horas para 65 anos

Arquivo da KGB diz que ao menos 4 milhões morreram em Auschwitz

Publicidade da Efe, em Moscou 
 
Arquivos do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, antigo KGB) revelados nesta segunda-feira apontam que entre 4 e 6 milhões de pessoas foram exterminadas por oficiais nazistas no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
"Os fascistas não conseguiram destruir toda a documentação sobre Auschwitz. A comissão extraordinária que interrogou testemunhas e carrascos chegou à conclusão de que, em Auschwitz, morreram mais de 4 milhões de pessoas", afirma o historiador russo Vladimir Makarov, do Arquivo Central do FSB, à agência de notícias russa Interfax.
O depoimento do operário polonês Anton Honkish, obrigado por nazistas a trabalhar na construção de Auschwitz, diz que "no campo durante seu funcionamento foram exterminados pelo menos 6 milhões de pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos".
Makarov indicou que, segundo os arquivos do FSB, Auschwitz recebia em média dez comboios ferroviários com presos dos países ocupados por nazistas. Cada trem tinha entre 40 e 50 vagões e, em cada um deles, entre 50 e cem pessoas.
Dos prisioneiros que chegavam, 70% eram exterminados imediatamente. Os mais fortes tinha, a morte adiada para que trabalhassem em fábricas militares ou participassem de experimentos médicos.
Crematórios
A comissão soviética que investigou os crimes em Auschwitz constatou que, de 1940 até janeiro de 1945, funcionaram no campo cinco crematórios com capacidade de incineração de 270 mil corpos por mês.
Segundo cálculos de historiadores, nos cinco crematórios podem ter sido incinerados os corpos de mais de 5 milhões de pessoas.
Cada crematório tinha uma câmara de gás própria, mas, como a produtividade destas era consideravelmente superior, os corpos também eram incinerados em enormes fogueiras.
Além disso, em Auschwitz funcionavam outras duas câmaras de gás com capacidade conjunta de matar 150 mil pessoas por mês.
A Polônia lembra, em 27 de janeiro, 65 anos da libertação pelo Exército soviético do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, transformado em museu em 1947 e, 30 anos mais tarde, declarado patrimônio da Humanidade pela Unesco. (grifo meu).

Stand by me





segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

retomando a direção... - ... Balanço do "outro mundo possível"


Aos dez anos de Seattle e do primeiro Fórum Social Mundial, o balanço que é preciso fazer é da luta pelo “outro mundo possível”. Um balanço do FSM deve ser não o balanço dos Fóruns, mas dos objetivos a que se propôs, quando começamos a organizá-los, há uma década. A avaliação do FSM ter que ser feita em função das suas contribuições à construção de alternativas ao neoliberalismo. A análise é de Emir Sader.


Aos dez anos de Seattle e do primeiro Fórum Social Mundial, o balanço que é preciso fazer é da luta pelo “outro mundo possível”. Um balanço do FSM deve ser não o balanço dos Fóruns, mas dos objetivos a que se propôs, quando começamos a organizá-los, há uma década.


Uma outra ótica seria vítima do corporativismo, da crença que a evolução interna de uma organização é a história política dessa organização. A história e o balanço de um partido político deve ser o balanço dos objetivos a que esse partido se propõe. Um balanço do FSM não é um balanço da situação das ONGs ou dos movimentos sociais. Ao contrário, estes devem ser avaliados em função da contribuição que tenham feito à construção do “outro mundo possível”.

Por isso, a referência a estabelecer como parâmetro de avaliação é a situação de criação do “outro mundo possivel”. Há uma década o neoliberalismo ainda reinava soberanamente como modelo hegemônico, seja em escala mundial, seja na América Latina. Na sucessão da primeira geração de mandatários que o personificavam – Reagan, Thatcher -, para a segunda – Clinton, Blair – se ampliava o consenso da extrema direita para forças originariamente alternativas a ela: os democratas norteamericanos, os trabalhistas ingleses. Enquanto que no continente, ao extremismo de direita de Pinochet se somavam formas nacionalistas – como o peronismo de Menem e os governos do PRI mexicano -, assim como social democratas, como os socialistas chilenos, AD da Venezuela, os tucanos brasileiros.

Nossas sociedades foram profunda e extensamente transformadas conforme esse receituário, os Estado nacionais enfraquecidos, os patrimônios públicos privatizados, os direitos sociais recortados, o capital especulativo incentivado, resultando no aumento brutal da desigualdades, da concentração de renda, da exclusão dos direitos à massa da população, do empobrecimento generalizado das sociedades e dos Estados.

Passados dez anos, o mundo continua sob hegemonia conservadora, mesmo se debilitado na sua legitimidade, o modelo neoliberal segue hegemônico. A diferença substancial vem da América Latina, onde um conjunto de governos, mesmo se diferenciados entre si, passaram a colocar em prática políticas contrapostas ao modelo neoliberal, depois de ter sido a região privilegiada de dominação neoliberal, com a maior quantidade e as modalidades mais radicais de governos neoliberais.

A região apresenta hoje os mais importantes processos de integração regional em contraposição aos Tratados de Livre Comércio propostos pelo neoliberalismo. O grande projeto norteamericano, que buscava estender a livre comércio a todo o continente, a Alca, foi derrotado e, no seu espaço, se fortaleceu o Mercosul, se desenvolveram o Banco do Sul, Unasul, o Conselho Sulamericano de Defesa, a Alba – entre outras iniciativas. São espaços alternativos, em que se desenvolvem, em distintos níveis, formas de intercambio privilegiado entre os países da região, acompanhadas da diversificação do comércio internacional dos países que participam dela.

Ao mesmo tempo, em alternativa ao privilégio dos ajustes fiscais, se desenvolveram políticas sociais que melhoraram significativamente o nível de vida e diminuíram os graus de desigualdade no continente de maior desigualdade no mundo. Os mercados internos de consumo popular se ampliam e se aprofundam.

A combinação desses três elementos – diversificação do comércio internacional, com diminuição do peso do centro do capitalista e aumento importante do peso dos intercâmbios do Sul do mundo; intensificação substantiva do comércio entre os países da região; expansão, inclusive durante a crise, do mercado interno de consumo popular – fez com que os países incorporados aos processos de integração regional, resistiram muito melhor aos duros efeitos da crise e vários deles voltaram a crescer.

Por outro lado, projetos como os de alfabetização – que fizeram com que a Venezuela, a Bolívia e o Equador tenham se somado a Cuba, como os territórios livres de analfabetismo nas Américas -, de formação de várias gerações de médicos pobres no continente, pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, em Cuba e na Venezuela - de recuperação da visão de mais de 2 milhões de pessoas, na Operação Milagre – demonstram como a recuperação de direitos essenciais tem que se fazer na esfera pública e não na mercantil.

Os intercâmbios solidários dentro da Alba são exemplos concretos do “comércio justo”, pregado pelo FSM desde seus inícios, em espaços com critérios das possibilidades e das necessidades de cada país, em contraposição clara às normas do mercado, do livre comércio e da OMC.

Sem ir mais longe, a avaliação do FSM ter que ser feita em função das suas contribuições à construção de alternativas ao neoliberalismo, do “outro mundo possível”. Sem uma compreensão concreta da força e da abrangência da hegemonia neoliberal, assim como das condições inéditas concretas em que se constroem alternativas, o debate passaria longe da realidade concreta de luta contra o neoliberalismo.

É também indispensável compreender que esse movimento passou da fase de resistência, predominante na ultima década do século passado, e a fase de construção de alternativas. A visão da “autonomia dos movimentos sociais” teve vigência na primeira etapa, porém quando pretenderam estendê-la para a década seguinte, cometeram equívocos fundamentais. O movimento mais significativo – e que, não por acaso, se dá no processo mais importante de construção de alternativas atualmente, o de Bolívia – foi o da fundação do MAS pelos movimentos sociais bolivianos, a partir da consciência de que, depois de derrubar vários presidentes, sucessivamente, constituíram um partido, disputaram as eleições e elegeram a Evo Morales presidente do país. Retomaram laços com a esfera política, de outra forma, convocando a Assembléia Constituinte e passando à refundação do Estado boliviano.

Outros movimentos, que mantiveram a visão equivocada e corporativa da “autonomia” ou se isolaram ou praticamente desapareceram da cena política. Essa “autonomia”, se fosse – como ocorria anteriormente – em relação a políticas de subordinação de classes, tinha um sentido. Mas se se trata de autonomia em relação à política, ao Estado, à luta por uma nova hegemonia, é um conceito corporativo, adaptado às condições de resistência, mas completamente equivocado quando se trata de construir condições de construção de hegemonias alternativas.

No FSM de Belém foi possível constatar, com a presença de cinco presidentes latinoamericanos comprometidos, de formas distintas, com a construção de alternativas ao neoliberalismo, quanto avançou e tem reconhecimento da luta iniciada há 10 anos. Já o FSM decepcionou. Não foram elaboradas propostas de enfrentamento da crise econômica. Não se fizeram balanços e discussões com esses e outros governos, junto aos movimentos sociais, para discutir as contribuições que tenham e os problemas pendentes.

Em suma, ao ter ainda ONGs como protagonistas centrais, ao auto-limitar-se à esfera social, ao fechar os olhos para os governos que estão avançando em projetos de superação do neoliberalismo, ao não encarar o tema das guerras – e, com elas, do imperialismo -, o FSM foi perdendo transcendência, tornando-se um encontro para intercâmbio de experiências – concepção pregada pelas ONGs, que o tornam intranscendente.

O balanço, pelo menos na América Latina, da luta por um “outro mundo possível”, é muito positivo, ainda mais se considerarmos o entorno conservador predominante no mundo. Já o FSM, ficou girando em falso, sem capacidade de acompanhar esses avanços e os temas da hegemonia imperial no mundo, entre eles o dos epicentros de guerra imperial no mundo – Iraque, Afeganistão, Palestina, Colômbia.

Pra aliviar II...

Uma lembrança para meu amigo Bráulio... naquele tempo, a pirataria era por reflexo...


Pra aliviar um pouco....

Alice no país das maravilhas e suas visões...

... algumas interpretações sobre a obra... ainda que tenhamos que navegar pelo ambiente global, é preciso extrair e produzir análises a favor de um tipo de formação humana.


Alice no País das Maravilhas é um clássico da literatura, uma das obras mais traduzidas de todos os tempos. Depois de 145 anos, a história ainda fascina, assusta e faz pensar.
Fonte: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1189910-7823-ALICE+NO+PAIS+DAS+MARAVILHAS+AINDA+FASCINA+DEPOIS+DE+ANOS,00.html

Uma viagem ao Haiti: 360°



Mova o mouse para a direita ou esquerda

http://www.cnn.com/interactive/2010/01/world/haiti.360/index.html

http://www.cnn.com/interactive/2010/01/world/haiti.360/index.4.htm 


Refletindo sobre o lugar da Juventude no mundo do trabalho

“Eu acredito é na rapaziada/Que segue em frente e segura o rojão/Eu ponho fé é na fé da moçada/Que não foge da fera e enfrenta o leão/Eu vou à luta com essa juventude/Que não corre da raia a troco de nada/Eu vou no bloco dessa mocidade/Que não tá na saudade e constrói/A manhã desejada” (Gonzaguinha)




Todos sabem quão difíceis os tempos pelos quais passamos quanto à inserção no mundo do trabalho, mas é preciso acreditar: nos jovens e nas oportunidades. Seja pela falta de qualificação profissional, seja pela falta de oportunidades, os jovens estão em compasso de espera, mas de uma espera ativa: atentos, querem participar e construir o seu mundo. Neste sentido, nem sempre as relações entre jovens e adultos se revelam tranqüilas e exigem um grande esforço para superar conflitos insustentáveis e não compatíveis com boas relações de convívio social e nem de crescimento profissional.


          Todos nós construímos a nossa trajetória pessoal e profissional a partir de uma primeira referência: o exemplo de nossa família. Com o passar dos anos, a escola vai capacitando a gente para a compreensão do mundo. Assim, compreendendo o mundo, percebemos como participar ativamente dele. Mas quanto à inserção no mundo do trabalho, a referência que temos, ou teremos, sempre está ou estará na primeira oportunidade que nos é oferecida por alguém, seja pela competência, pela indicação, conquista ou reconhecimento profissional.

          Os jovens carregam uma energia criativa, desejando participar do mundo adulto, a partir de sua emancipação. Sonham com sua independência e, quando...

Leia na íntegra: http://boletimodiad.blogspot.com/2010/01/de-jovens-para-oportunidades.html

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Explica, mas não justifica!!!

JC e-mail 3933, de 20 de Janeiro de 2010.

9.18% dos jovens não estudam, diz Ipea

Causas do abandono são trabalho e gravidez precoce; livro também aponta demora para deixar a casa dos pais

No país, 18% dos jovens entre 15 e 17 anos não estão na escola. O dado faz parte do livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil, lançado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). A principal causa para o abandono da escola entre os homens é a oportunidade de trabalho e, entre as mulheres, a gravidez precoce.


No capítulo sobre gravidez na adolescência, o livro destaca a necessidade de um novo olhar sobre a questão. Os autores ressaltam que nem sempre a gestação é indesejada, como se costuma dizer - muitas vezes, as jovens fazem dela seu projeto de vida. Já os meninos podem enxergar na situação a chance de serem vistos como homens.


De acordo com os autores, se a conotação negativa fosse retirada da gravidez na adolescência, as políticas públicas seriam mais eficazes.


O estudo também mostra que essa parcela da população está saindo da casa dos pais mais tarde. Em 1982, 63,1% dos jovens entre 15 e 29 anos residiam com os pais. Em 2007, esse porcentual aumentou para 68,3%.


"O tempo na escola está sendo ampliado. Há uma transição mais longa de uma situação da adolescência para a vida adulta", explicou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.


O livro aponta que a parcela de jovens entre 15 e 19 anos que só trabalha caiu praticamente pela metade em 25 anos. Em 1982, 40,2% dos jovens nessa faixa etária só trabalhavam; em 2007, essa parcela caiu para 21,6%. O índice de jovens que só estuda aumentou de 27,2% para 41,3%.


O livro revela que a oferta de cursos supletivos no Brasil é insuficiente. Isso fica claro pelo número elevado de jovens entre 18 e 29 anos que frequentam o ensino regular.


O estudo comprova a queda do número de jovens no Brasil: em 1980, representavam 29% da população; hoje são 26%. A previsão é que, em 2050, caia para 19,1%.


Para Pochmann, o Brasil "chegou tarde" na execução de políticas públicas para a juventude. O país tem hoje 50,2 milhões de jovens de 15 a 29 anos.

(Eugênia Lopes)

(O Estado de SP, 20/1)