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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Desabafo de uma Professora da Rede Estadual em Goiás


Recebi por email e estou divulgando por aqui!

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Senhor Secretário:
Thiago Peixoto,

Sou professora há 22 e sinto que a Educação de Goiás, em 2011, retrocedeu quase um século.

Digo isso porque vejo o descaso e a irresponsabilidade com que o senhor tem tratado os profissionais da Educação. Isso acontece pelo fato do senhor, talvez, desconhecer a realidade do Ensino Público em Goiás. Quantas escolas goianas tiveram a honra de receber sua visita? 5, 20, 50?
Com as ordens que temos recebido da Secretaria da Educação, sinto-me na época dos jesuítas. Será que retornamos no tempo para que nossas autoridades revejam os erros cometidos e encontrem um rumo para a Educação?

Oferecer educação de qualidade é o que todos nós professores engajados e preocupados com a educação, tentamos fazer, mas com péssimos salários e condições precárias de trabalho com escolas caindo sobre nossas cabeças, é quase impossível. Tentamos fazer o melhor e nem reconhecimento temos.

Tempo para qualificação? Quando? As instituições de ensino oferecem cursos na madrugada? Porque é somente nesse horário que os professores têm tempo para estudar, pois são obrigados a trabalhar em dois ou três turnos para ter um minguado salário.

E para complicar ainda mais a situação, o senhor, grande detentor do poder, resolve ditar as leis de uma mal denominada gestão democrática, impondo aos nossos colegas um suposto curso, cujas atividades postadas sequer eram corrigidas, entrega uma apostila mal feita, poucos dias antes da prova e realiza um processo seletivo com questões mal elaboradas e confusas.

Quando o senhor pensou nesse processo seletivo, porque não procurou uma entidade educacional qualificada e preparada, como a Universidade Federal de Goiás, para a realização do mesmo?

Talvez seja por saber que a UFG exigiria um edital claro e tempo de preparação para os candidatos, não é?

O senhor, num artigo publicado em O Popular diz que um gestor bem preparado faz sim, muita diferença na rede pública. Concordo com o senhor, mas gostaria de alertá-lo de que preparação e qualificação requer tempo e oportunidade, nossos colegas tiveram isso? E apenas uma prova mal elaborada mede a capacidade de um gestor?

E quanto aos prazos dados para todos os trâmites legais de um pleito democrático? O senhor teve quanto tempo para sua campanha enquanto candidato a Deputado? E agora nossos colegas candidatos a gestores das escolas têm menos de uma semana para apresentar suas propostas à comunidade escolar? Quanta incoerência, senhor secretário!!

Por que tudo na educação tem que ser feito de modo atribulado, de imediato? É esse o compromisso de nossas autoridades tão competentes na gestão da Secretaria da Educação?

E os nossos salários, secretário? Será que teremos algum dia o nosso tão almejado piso salarial ou continuaremos, indefinidamente, no “contrapiso” do descaso?

Essas são algumas indagações de uma professora angustiada com os rumos da educação em Goiás.

Tenho orgulho de minha profissão, senhor secretário, e sempre tentei fazer o máximo para a aprendizagem dos meus alunos e tenho, ainda, a esperança de que algum dia, a Secretaria da Educação, tenha como chefe maior alguém empenhado em realmente melhorar a qualidade do ensino, pois acredito no lema: “Só a Educação liberta esta nação!”

Quanto tempo ainda nos resta na prisão da ignorância, descaso e má vontade dos nossos governantes?

Mire-se nos exemplos dos países desenvolvidos, mas tenha bom senso, clareza e objetividade para enxergar os problemas enfrentados pelas nossas escolas.

Não é necessário gastar milhões com uma empresa de consultoria para detectar os problemas enfrentados pela Educação em Goiás, basta reunir um grupo de profissionais que trabalham todos os dias em nossas escolas que eles mostrarão ao senhor o quadro caótico do nosso ensino público e o melhor, senhor secretário, se lhes for dada a oportunidade e condições mínimas de trabalho, conseguirão sanar os problemas detectados em pouco tempo e sem desperdício de dinheiro público.

Pense nisso, senhor Secretário!

Atenciosamente,
Arlete Cristina Pereira

sábado, 9 de abril de 2011

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL...

UMA HERANÇA MALDITA DO CAPITALISMO. ENTREVISTA ESPECIAL COM FREI XAVIER PLASSAT 

 

 “O trabalho escravo contemporâneo no Brasil tem sido principalmente detectado e combatido em atividades rurais”. Assim Xavier Plassat descreve a situação de um dos grandes problemas do país: o trabalho escravo. Na entrevista a seguir, realizada por email, ele fala da saída da empresa Cosan da lista suja, um cadastro público produzido pelo Ministério do Trabalho de empresas acusadas de submeter trabalhadores a situações análogas à escravidão. “No caso da Cosan, o que acontece é que o advogado do governo está renunciando a defender seu cliente, acordando por escrito com a Cosan que a União deixará de apelar contra a última decisão da justiça em favor da desta e não buscará, portanto, reincluir seu nome na lista suja”, explicou.

A Cosan é uma das maiores produtoras e exportadoras de açúcar e etanol do mundo, e a maior produtora de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Em fevereiro deste ano, a empresa se uniu a Shell e, juntas, criaram a Raízen que será a marca corporativa dos negócios e a aposta para o crescimento das vendas internacionais de etanol. No entanto, a Cosan havia sido incluída no cadastro de empregadores flagrados com mão-de-obra escrava em dezembro de 2009 por conta da libertação de 42 pessoas em sua usina em Igarapava-SP.
Nascido na França, Frei Jean Marie Xavier Plassat é coordenador da Campanha contra o Trabalho Escravo e destaca-se pela sua atuação na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e na luta contra o trabalho escravo contemporâneo no Brasil. Seu trabalho rendeu-lhe o Prêmio Nacional de Direitos Humanos em 2008. É graduado em Ciência Política em Paris em 1970, ingressou na ordem dominicana no ano seguinte.